MUDANÇA DE TOM

Gabriel Azevedo deixa tom bélico de 2023 de lado e adota postura mais amena

Em plena pré-campanha para prefeitura de Belo Horizonte, presidente da Câmara Municipal admite esforço para ser "mais calmo"

Por Clarisse Souza e Mariana Cavalcanti
Publicado em 22 de maio de 2024 | 19:49
 
 
 

O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (MDB), tem deixado de lado, ao menos em manifestações públicas, a postura combativa e o tom bélico que foi adotado contra seus oponentes políticos, principalmente no decorrer de 2023. A mudança de postura do vereador, que está no segundo mandato, é confirmada, nos bastidores, por colegas do Parlamento e coincide com a oficialização da pré-candidatura de Gabriel à Prefeitura de Belo Horizonte. 

Para fontes ouvidas pela coluna Aparte, o comportamento pode sinalizar a intenção do político de evitar embates diretos no período que antecede a campanha eleitoral e até de assumir um discurso mais moderado para se diferenciar de outros candidatos na disputa. 

Conhecido no meio político pelo comportamento explosivo, evidenciado em falas no plenário e nas entrevistas à imprensa, Gabriel estaria fazendo “grande esforço” nos últimos meses para parecer mais “calmo”, segundo pessoas próximas a ele. Se até o início deste ano, eram comuns, por exemplo, ataques nominais e ofensas ao prefeito Fuad Noman (PSD), nos últimos meses as críticas passaram a ser mais comedidas. Embora seja consenso que o vereador mantém a postura de opositor ao atual chefe do Executivo, quem o acompanha no dia a dia diz que o tom está, de fato, mais ameno. 

Entre outras razões, a postura visaria sustentar o discurso de retomada da institucionalidade entre os Poderes, principalmente após Fuad assinar a exoneração dos quatro secretários indicados pelo chefe de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), inimigo político de Gabriel. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o aceno da prefeitura, somado ao fato de o presidente da Câmara ter sobrevivido a dois processos de cassação, liderados, sem sucesso, por aliados de Aro, têm feito com que a postura de Gabriel à frente do Legislativo tenha se tornado mais madura e dentro dos limites da “civilidade”. Vale lembrar, por exemplo, que o primeiro processo de cassação contra o vereador – assinado pela deputada federal Nely Aquino (Podemos), que é aliada de Aro – tinha entre os motivos as agressões verbais contra a vereadora Flávia Borja (DC). 

Gabriel admite que buscou, ainda no ano passado, ajuda de um terapeuta para lidar com o comportamento explosivo. “A análise tem sido muito importante para mim. Eu precisava me compreender. Isso realmente estava me atrapalhando porque, na política, se você não souber lidar com o que você vê de errado, vai passar muita raiva”, declara o presidente da Câmara. Apesar disso, ele defende que não mudou a postura frente aos inimigos políticos. “Na verdade, foram eles que pararam de me atacar. Eu sempre me defendi, atuo de acordo com o ataque. Queriam me tirar da eleição e da presidência da Câmara, mas não conseguiram. Agora sossegaram”, afirma o parlamentar. 

Postura moderada pode ajudar Gabriel em campanha, avalia especialista

Embora a mudança de postura de Gabriel Azevedo coincida também com a formalização de sua pré-candidatura à Prefeitura de Belo Horizonte, o parlamentar garante que, em nenhum momento, recebeu ordens do MDB para baixar o tom ou deixar de ser menos explosivo contra os oponentes. Mas, na avaliação do cientista político e professor do Ibmec-BH Adriano Cerqueira, a postura moderada pode ajudar Gabriel a se posicionar como uma terceira via em uma eleição municipal que dá indícios de polarização entre direita e esquerda. “Com um tom mais moderado, Gabriel pode pegar o eleitor que quer se afastar dessas ideologias mais próximas dos extremos”, considera o especialista. 

Porém, para Cerqueira, por enquanto, o maior desafio do vereador é ampliar o nível de conhecimento entre os eleitores. Na última rodada da pesquisa DATATEMPO, por exemplo, Gabriel apareceu na oitava posição entre 13 nomes, com 2,2% das intenções de voto. Apesar do índice, o presidente da Câmara disse não estar preocupado. “O que me anima são as pesquisas qualitativas que estamos fazendo. À medida que as pessoas vão conhecendo nossas propostas, elas vão se identificando”, comenta o parlamentar, que tem visitado bairros de diversas regiões de BH nas últimas semanas.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!