MARCHA DOS PREFEITOS

'Se não fizer renegociação, os municípios vão quebrar', diz presidente da AMM

Marcos Vinicius Bizarro avaliou como positivos os sinais demonstrados pelo governo federal, através da fala do presidente Lula

Por O TEMPO
Publicado em 24 de maio de 2024 | 13:12 - Atualizado em 24 de maio de 2024 | 16:23
 
 
 

O presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Marcos Vinicius Bizarro, disse que o governo federal dá sinais de ter compreendido a urgência de encontrar uma saída para negociar as dívidas dos municípios com a União. Mas ele alertou que o atraso para uma solução pode levar os municípios à falência.

“Foi tudo muito bem construído, com dados, com números, para mostrar a real situação dos municípios ao governo federal. Se não for feita essa renegociação. Um município, por exemplo, que deve R$ 100 milhões ao governo federal e tem a obrigação de pagar R$ 1 milhão por ano. Com a correção feita pela taxa Selic de 12%, ele vai ter que pagar de juros, R$ 12 milhões por ano. Então ao invés de diminuir para R$ 99 milhões depois de pagar a parcela, no outro ano ele vai estar devendo quase R$ 112 milhões. A dívida só aumenta.  É uma bola de neve que o município nunca mais vai conseguir pagar, por isso a gente está propondo esta renegociação”, destaca.

Marcos Vinícius, que é prefeito de Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, e também vice-presidente da Confederação Nacional de Municípios, foi o entrevistado do quadro Café com Política da FM O TEMPO 91,7 desta sexta-feira (24/5). Ele fez uma avaliação dos compromissos firmados pelo governo federal com os municípios durante a XXV Marcha dos Prefeitos à Brasília, encerrada na quinta-feira (23), e comemorou o apoio demonstrado pelo presidente Lula (PT).

“O pronunciamento do presidente da República vai ao encontro das necessidades que a gente tira da Marcha. Veja, o primeiro acordo que ele assinou foi pela desburocratização do convênios dos municípios com a Caixa Econômica, que é um gargalo hoje e vai ajudar muito. Outra coisa, ele adiantou posições em relação à PEC 66; ele adiantou que é a favor da questão da (negociação) dos precatórios; da (negociação) das dívidas; ele é a favor que a Reforma da Previdência também passe a valer para os municípios, e isso é importante demais. A gente avança muito com a Marcha dos Prefeitos”, destaca. A Proposta de Emenda Constitucional 66 (PEC-66) está em tramitação no Congresso Nacional e abre prazo especial para que municípios paguem suas dívidas previdenciárias.

Marcos Vinicius Bizarro também comentou a desoneração da folha de pagamento dos municípios. Ele afirma que a manutenção da contribuição em 8% neste ano e o retorno gradual dos tributos até 2028 é um primeiro passo, mas que as negociações devem continuar.

“Claro que não pode ficar infinitamente nesses 8%; em algum momento essas pessoas irão se aposentar e o problema previdenciário é gigantesco. Mas a gente vê que é possível, pois ONGs, algumas associações e até times de futebol alguns não pagam nada. E este recurso financeiro não é uma economia que fica no caixa da prefeitura. É o recurso que os municípios estão investindo”, destaca. 

“O que nós estamos tentando é um escalonamento. Esse projeto foi retirado de pauta por 60 dias, mas depois disso alguma coisa precisa ser feita. Para resolver estamos propondo a PEC 66 com uma emenda que prevê 8% neste ano, 10% em 2025, 12% em 2026 e 14% de contribuição em 2027. Nós vamos tentar ficar nesses 14%, que é um ponto de equilíbrio, tanto para os municípios quanto para o governo federal”, destaca.

Marcos Vinicius Bizarro não adiantou datas ou previsões, mas disse que acredita que uma solução seja alcançada e libere cerca de R$ 1 bilhão a mais por ano no caixa das prefeituras.

A entrevista ao Café com Política foi conduzida pela jornalista, editora-chefe de O Tempo em Brasília, Fransciny Ferreira.

 

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