Vereadora de Belo Horizonte pela Democracia Cristã, Flávia Borja, voltou a tecer críticas ao Festival Internacional de Quadrinhos (FIP-BH), que, segundo ela, teria exposto crianças a “materiais pornográficos” sem classificação indicativa. Ao lado do vereador Irlan Melo (Republicanos), a parlamentar fez um pedido de moção de repúdio pelo evento. A Prefeitura de Belo Horizonte e sua Secretaria de Cultura negaram as acusações e garantiram que o evento seguiu as regras do Estatuto da Criança e do Adolescentes (ECA).
Flávia Borja, convidada desta sexta-feira (14) do Café com Política, na FM O TEMPO 97,1, é autora de um projeto de lei que pretende proibir que a prefeitura use dinheiro público em eventos que “promovem a sexualização infantil”. Ela explicou que o objetivo da lei é promover o “bom senso” no momento da fiscalização das exposições culturais.
“Com esse projeto aprovado vai ter um rigor maior e quem sabe agora diante disso a prefeitura vai se preocupar em vistoriar. A questão é ter a boa vontade e a intenção de fazer a fiscalização, até antes de abrir uma exposição. É como se fosse um selo, dar uma vistoria antes para ver se alguma coisa está passando despercebido. Não pode jogar a responsabilidade para os expositores”, comentou Borja.
No início e junho, após proposta de moção de repúdio à prefeitura pela exposição no Festival de Quadrinhos, a secretária de Cultura de Belo Horizonte, Eliane Parreiras, conversou com O TEMPO e explicou como foi feita a curadoria. Segundo ela, o evento teve uma organização pensada para preservar as crianças e os profissionais foram treinados para mediar a interação das crianças e não as expor a conteúdos inadequados. O festival acontece há 25 anos na capital mineira e hoje é considerada a maior da América Latina. A secretária destacou que, por ser uma arte muito plural, o evento recebe visitantes de todas as idades, e por isso foi feita uma organização e treinamento de profissionais para organizar o conteúdo exposto e comercializado.
Bíblia nas escolas
A vereadora Flávia Borja também é autora de um projeto de lei, aprovado em primeiro turno na Câmara Municipal, que coloca a Bíblia como um livro “paradidático” nas escolas de Belo Horizonte. Segundo Borja, a ideia é que o livro religioso fique disponível para consulta e uso didático, mas que não seria obrigatório para todas as crianças.
“Não é obrigatório todos participarem, mas a bíblia é um livro rico e um tesouro de 6 mil anos de história, por que não ser usada como um material de consulta? Temos historias detalhadas de civilizações, temos falas sobre o maior líder da história, Jesus Cristo. Não é questão de colocar um livro religioso, mas é questão de deixar ali um livro que vai enriquecer o conteúdo. A utilização é opcional, pode estar disponível nas escolas, quem quiser usar usa”.
Troca de partido e relação com prefeitura
Em abril deste ano, durante a janela partidária, Flávia Borja, que antes era do Partido Progressista (PP), se filiou ao Democracia Cristã (DC). Ela explicou, durante conversa na FM O TEMPO, que a decisão foi estratégica, mas que mantém bom relacionamento com a antiga legenda e colegas políticos:
“Foi uma questão estratégica, escolhi um partido alinhado com as minhas pautas. Eu fui muito bem acolhida pelo PP e durante a nossa caminhado foi sempre muito respeitosa nossa relação, e a gente continua juntos. É o mesmo grupo e estamos trabalhando e disponíveis para melhorar a cidade”.
A vereadora, que faz parte do grupo político conhecido como “família Aro”, liderado pelo secretário de Casa Civil Marcelo Aro, que até início deste ano possuia quatro secretarias na prefeitura, afirmou que sentiu uma melhora no diálogo entre o executivo e o legislativo municipal. Ela elogiou, especialmente, o líder de governo, Bruno Miranda (PDT):
“O dialogo com a prefeitura sempre foi tranquilo, a gente tem uma interlocução muito saudável do líder de governo, que sempre foi muito respeitoso. A gente teve um momento ano passado conturbado e que esse dialogo foi interrompido, não por conta da prefeitura, mas pelo o que aconteceu na câmara municipal, mas acredito que foi um tempo que já passou”.
Entrevista concedida ao jornalista Guilherme Ibraim