A cerimônia do Dia de Minas Gerais, comemorado nesta quarta-feira (16/7), em Mariana, na região Central do estado, acabou marcada por discursos sobre da proximidade do marco de dez anos do rompimento da barragem da Samarco, naquele município. O governador Romeu Zema (Novo) e o vice Mateus Simões (Novo) lembraram do acidente que deixou 19 mortos em novembro de 2015 e fizeram críticas às mineradoras responsáveis sem, no entanto, deixar de ressaltar a importância econômica das empresas para o estado.

“É impossível estar aqui e não lembrar das vidas que foram perdidas. Mas é também uma motivação para pedir reparação e justiça”, disse o governador Zema. “Hoje, no entanto, estamos mais leves, após a repactuação do acordo de Mariana e sentimos que honramos melhor aqueles que morreram pela irresponsabilidade de alguns”, concluiu.

“O nome das cidades de Mariana e Brumadinho ficou vinculado às tragédias. Mas eu prefiro usar o nome das empresas responsáveis pelos desastres. A tragédia da Samarco e a tragédia da Vale. Porque não há tragédia nas cidades. Falo isso com tranquilidade, mas não quero dizer com isso que as empresas não sejam importantes para a economia de Minas, não quero dizer com isso que a gente não precise dessa atividade, não quero dizer com isso que elas são menos do que são efetivamente para a nossa economia; o que quero dizer é que as cidades são muito mais do que isso muito mais do que as tragédias”, disse Simões. 

As falas foram feitas durante discurso do governador e do vice-governador na cerimônia do Dia de Minas Gerais, quando a sede do governo mineiro é transferida para Mariana, como forma de homenagear a primeira cidade e primeira capital mineira. Foi também uma resposta ao prefeito de Mariana, Juliano Duarte (PSB), anfitrião do evento, que cobrou ações do governo estadual para pressionar as mineradoras Vale e BHP.

“O governo do estado tomou a iniciativa de um aporte de R$ 2 bilhões, mas precisamos também, governador, de cobrar a contrapartida das mineradoras, pois elas são as grandes causadoras do impacto na vida do cidadão da região dos inconfidentes”, destacou.

Ao governador, o prefeito de Mariana também destacou a construção do hospital universitário na cidade, que foi anunciado durante visita do presidente Lula (PT) à Mariana, em junho, justamente para celebrar a repactuação do acordo com as mineradoras. 

“Em breve, em Mariana, teremos o Hospital Universitário. Mais de 100 leitos em nosso município, referências de cardiologia, oncologia e teremos mais de 600 profissionais trabalhando com a extensão da UFOP, onde todos os cursos da saúde da Universidade Federal de Ouro Preto obrigatoriamente passarão por Mariana”, destacou.

Durante a visita de Lula, o tom das críticas às mineradoras foi mais forte e o presidente aproveitou para assumir o “protagonismo” sobre as negociações que teria aumentado a cobrança contra as empresas controladoras da Samarco na época do acidente.

Para o prefeito de Brumadinho, Gabriel Parreiras (PRD), outro homenageado com a medalha do Dia de Minas Gerais, o objetivo é aprender com o passado para planejar o futuro. “Hoje Mariana e Brumadinho precisam gritar para que outras cidades possam ouvir. Nós não podemos aceitar minimamente a possibilidade de termos outras Marianas e outras Brumadinhos”, disse.