Um dia depois de exonerar indicados de uma deputada da base por votar contra o Palácio Tiradentes, o governador Romeu Zema (Novo) conseguiu vitória expressiva na Assembleia Legislativa nesta quinta-feira (06/06) com a aprovação de projeto de lei em segundo turno que reajusta o salário dos servidores públicos em 4,62%.

Inicialmente o texto previa alta de 3,62% nos vencimentos mas, depois de acordo entre o governo e os deputados, foi acrescentado um ponto percentual à proposta. O reajuste é retroativo a janeiro.

Além do percentual dentro do previsto por Zema, a base do governador na Casa derrubou ainda sete emendas apresentadas pela oposição que passavam o reajuste para 10,67%. E pelo mesmo placar: 36 votos favoráveis ao governo e 28 contra. Dos 77 parlamentares, 66 participaram da reunião de Plenário nesta quinta.

A deputada retaliada por Zema foi Chiara Biondini (PP). Três indicações da parlamentar para cargos no governo foram exoneradas nessa quarta-feira (05/06). O impasse ocorreu porque na terça-feira (04/06), durante a apreciação das emendas por aumento maior em primeiro turno, a deputada votou a favor da alteração, ou seja, contra o governo.

Ao se justificar, a parlamentar disse que já tinha as suas convicções em relação ao tema e que o governo sabia disso. Chiara é filha do deputado federal Eros Biondini (PL).

A retaliação do governador foi vista como algo natural por um integrante da base do Palácio Tiradentes na Assembleia. "É muito fácil ter privilégio no governo e, na hora de votar, votar contra", apontou o aliado, que não quis se identificar.

Autoritário

A oposição reclamou do comportamento do governador em relação à parlamentar Chiara. "Teve uma deputada que sofreu retaliação. Mas houve também ameaças. Disseram 'não te recebo mais' a outros parlamentares", afirmou a deputada Beatriz Cerqueira (PT). "Essa é a face autoritária desse governo", acrescentou. 

A aprovação dos 4,62% ocorreu sob protesto de professores e trabalhadores dos setores de saúde e segurança que lotaram as galerias do Plenário da Assembleia com faixas e gritos contra o projeto.

O secretário de Governo de Zema, Gustavo Valadares, afirmou à reportagem que a vitória do governador na votação do reajuste dos servidores foi por causa de um trabalho de convencimento do Palácio Tiradentes junto aos parlamentares.

"Conversa , conversa e mais conversa", disse Valadares, quando questionado o que proporcionou a vitória do governo na Casa nesta quinta-feira.

O auxiliar de Zema, nessa linha, elogiou o presidente da Assembleia, Tadeu Leite (MDB) e líderes do governo "Temos a sorte de ter um presidente correto, justo e bons e incansáveis líderes", disse.

O líder do bloco "Minas em Frente", Cássio Soares (PSD), afirma que o governo conseguiu convencer os deputados que um aumento maior era impossível. "As emendas eram impraticáveis. Óbvio que todos os deputados querem valorizar os servidores públicos", disse o parlamentar, à reportagem, após a votação, sobre a falta de condições alegada pelo governo para um reajuste maior.