Em entrevista ao Café com Política da FM O TEMPO 91,7, a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT) criticou a condução feita pela gestão do governador Romeu Zema (Novo) sobre a dívida bilionária com a União, que já chega a cerca de R$ 165 bilhões. Conforme a parlamentar, o governo estadual nunca quis enfrentar a situação.
A deputada citou o fato de Romeu Zema ter tido um governo federal aliado, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), momento em que teria “plenas condições de resolver as dívidas". Segundo ela, a gestão estadual "não resolveu porque nunca teve interesse”. “O governo Zema não quis, nunca quis enfrentar. Ele se beneficiou de várias liminares em ações que foram propostas durante o governo do Fernando Pimentel. Então, usufruiu das decisões e nunca quis. A verdade é que ele nunca quis enfrentar de fato a situação da dívida de Minas”, declarou.
Beatriz Cerqueira considerou que há uma contradição entre o que chamou de “estratégia de marketing de citar que Minas está nos trilhos e a realidade de a dívida não ser paga, e o governador afirmar que se pagar a dívida, não terá dinheiro para pagar os servidores”. A petista ressaltou que a conversa entre o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), que resultou no projeto de lei que cria o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), pode resultar em uma alternativa real para o enfrentamento à dívida de Minas Gerais com a União “sem sacrificar a população”.
Durante a entrevista, a deputada ainda afirmou que o governo estadual tem usado das sucessivas prorrogações de prazos do Judiciário para “não pagar nada”. Ela ponderou, contudo, que o valor atualmente estimado em R$ 165 bilhões deveria ser auditado.
Ainda sobre a situação financeira do governo estadual, Beatriz Cerqueira lembrou que a atual gestão insiste no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), mas que algumas medidas não condizem com as restrições impostas em um cenário de aprovação do regime. “O RRF cumpre uma tarefa de facilitar o que governo quer, que é privatizar tudo. Quer deixar de ter escola pública, saúde pública e entregar para amigos. O RRF cumpria essa função de facilitar que pudesse ficar toda essa agenda com autorização. Por que tem posturas contraditórias com o RRF? O Estado em recuperação fiscal não aumenta salário do governador em 300%, nem de secretários, nem do vice-governador. Estado em recuperação fiscal também não paga jetons, que é o plus enorme no salário dos secretários que participam de conselhos. Na prática, Estado em recuperação fiscal não aumenta isenções fiscais, mas só de ICMS abriu mão de 25%. Se você está em recuperação fiscal, não tem essas práticas”, criticou.
A entrevista foi concedida aos jornalistas Guilherme Ibraim e Thalita Marinho.