O deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) acusou o ex-comandante-geral da Polícia Militar, Rodrigo Piassi de não ter defendido a instituição na busca por direitos dos policiais e disse que o ex-comandante possui uma postura “autoritária e arrogante”, que teria desgastado sua relação com políticos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e com a própria tropa da PM. A declaração foi feita em entrevista ao jornal O TEMPO, pouco depois do próprio coronel Rodrigo Piassi acusar Rodrigues de "liderar movimentos grevistas" e "solapar a estrutura de hierarquia e disciplina que sustentam a Polícia Militar".
“O Piassi acumulou desgastes dentro da corporação por causa de sua postura autoritária e arrogante, especialmente com os coronéis do alto comando. Ele é muito centralizador e recebeu diversos feedbacks negativos. Quem estava na contramão era o Piassi, ele não conseguiu construir uma boa relação nem com seus pares”, afirmou sargento Rodrigues.
Coronel Rodrigo Piassi deixou o cargo de comandante geral da PM nesta quarta-feira (24 de setembro) e, durante o último discurso em cerimônia solene na Academia da Polícia Militar, fez referência a um desentendimento com o deputado estadual Sargento Rodrigues (PL) acusando o parlamentar de ameaçar o "rompimento" da estrutura da corporação. Quem assume o comando da corporação, agora, é Carlos Frederico Otoni Garcia, que prometeu diálogo com a tropa durante sua trajetória.
Questionado sobre o novo comandante, sargento Rodrigues, que é presidente da Comissão Permanente de Segurança Pública da ALMG e já protagonizou diversas audiências públicas marcadas por discussões e desgaste com o ex-comandante Piassi, afirmou que está esperançoso com a nomeação: “Se o Coronel Frederico, que tá assumindo, já disse publicamente que ele quer pacificar a relação com a tropa e ter uma relação com a Assembleia, é uma demonstração clara de que quem está saindo saiu com um discurso completamente na contramão".
Dentro do governo de estado, a troca do comando da PM é tratada como um processo "rotineiro", mas desgastes na relação do comandante com Sargento Rodrigues e outros deputados estaduais membros da Comissão de Segurança Pública são vistos nos bastidores como componentes adicionais à troca. A corporação nega a relação e afirma que, em média, a troca desses cargos na PMMG ocorre a cada dois anos. Piassi assumiu o posto em janeiro de 2023.
Troca de farpas
O coronel Rodrigo Piassi utilizou seu discurso de despedida para acusar Rodrigues de "liderar movimentos grevistas" e "solapar a estrutura de hierarquia e disciplina que sustentam a Polícia Militar". Ele afirmou que o deputado não teria "nenhuma expectativa de entender ou defender o valor e a importância da disciplina militar", referindo-se ao fato de que Rodrigues teria sido "excluído por indisciplina".
Em resposta, Sargento Rodrigues rebateu as acusações e defendeu sua trajetória enquanto parlamentar e defensor das forças de segurança. Rodrigues reafirmou seu compromisso com a categoria e fez críticas ao que considera ser uma “falta de reconhecimento e valorização do trabalho dos militares”.
"O Piassi criou uma relação extremamente ruim com a tropa. Ele passou a ser visto como alguém que só trazia más notícias. A tropa engoliu isso por um tempo, mas chegou uma hora em que parou de trabalhar com o mesmo empenho. Quando o comandante só cobra e não oferece nenhuma melhora para os policiais, a resposta natural é o desinteresse. Isso é um fato: a violência aumentou e o compromisso da tropa diminuiu. O desgaste do Piassi com a tropa foi tanto que os policiais simplesmente perderam a vontade de trabalhar. Ele só sabia defender pacotes de maldade, como a mudança no estatuto e a política salarial desfavorável”.
Sobre o impacto das falas de Piassi em sua reputação, Rodrigues minimizou as declarações, atribuindo-as ao desgaste provocado pelo próprio governo estadual, do qual o coronel fazia parte.
"Os ataques do coronel Piassi refletem uma tentativa de mascarar a falta de diálogo e o enfraquecimento da liderança dele. [...] A postura do Piassi frente à Assembleia Legislativa também foi um desastre. Ele não soube se relacionar com os deputados, inclusive comigo. Isso contribuiu para sua queda, porque ele perdeu o apoio político necessário. Não conseguiu formar alianças, e quando tentou negociar, já era tarde demais. Saiu atirando, culpando outros pela sua própria falta de habilidade política", completou Rodrigues.