O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) declarou, na manhã deste domingo (3/8), estar “se lixando” para as declarações proferidas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmou haver uma “organização miliciana” atuando junto ao governo dos Estados Unidos para impor sanções ao Brasil e a autoridades brasileiras. A fala do magistrado à qual Eduardo se refere foi proferida na última sexta-feira (1°/8), durante a sessão que marcou a abertura dos trabalhos do Supremo no segundo semestre do ano.
“Estou me lixando se o Moraes está me chamando de miliciano, porque você fez muito pior conosco. O senhor está mandando senhoras de idade para a cadeia. O senhor quer prender o Jair Bolsonaro não porque ele tenha alguma relação com golpe de Estado ou coisa do tipo – porque a gente sabe que isso foi impossível de ter ocorrido – mas porque você está jogando um jogo político dentro dos tribunais, abusando da sua caneta”, afirmou.
A declaração de Eduardo – que está morando nos Estados Unidos desde março deste ano – foi dada durante uma participação, por videoconferência, em uma manifestação promovida por lideranças e apoiadores da direita, na Praça da Liberdade, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. A fala do deputado foi transmitida em um telão no trio elétrico onde se reuniram também diversos parlamentares e figuras da direita, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
O parlamentar indicou que seguirá atuando para buscar sanções a Moraes – que foi punido nos Estados Unidos, na última semana, com base na Lei Magnitsky, uma das mais severas punições do país contra estrangeiros. “Vocês acham que Moraes tem que ser sancionado na Europa também?”, questionou Eduardo aos manifestantes em BH. E, em seguida, emendou: “Se Deus quiser, em breve, nem Paris haverá mais para eles”.
Além das críticas a Moraes, Eduardo Bolsonaro sustentou a maior parte de seu discurso no pedido de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. “Essas pessoas têm que ter a liberdade delas agora. (...) Que me desculpem os políticos mais tradicionais, mas não existe meio termo entre o certo e o errado. Eu quero estar radicalmente certo. (...) A anistia tem que ser feita agora”, reivindicou.
Manifestação reuniu milhares de pessoas em BH
No centro da pauta da manifestação deste domingo (⅜), em Belo Horizonte, estiveram os pedidos de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além da busca por anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
O ato ocorre na esteira de decisões recentes de Moraes, que fechou o cerco contra o ex-presidente Jair Bolsonaro ao impor uma série de medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. As imposições foram determinadas no âmbito da investigação que apura a atuação de Eduardo Bolsonaro, filho do ex-mandatário, que é acusado de interferir junto ao governo dos Estados Unidos para promover medidas de retaliação contra o governo brasileiro e o STF. Conforme a decisão do magistrado, foi identificado risco de fuga de Bolsonaro, o que também levou à determinação de recolhimento noturno.
O ato desde domingo se ancora nesta e em outras decisões anteriores de Moraes para acusar o magistrado de extrapolar limites constitucionais e, segundo o grupo, fazer uso da Suprema Corte para perseguição política.
Em relação ao governo do presidente da República, o grupo protesta contra o que chama de “irresponsabilidade institucional”. Com cartazes com dizeres como “Fora Lula” e “Lula pai dos impostos”, os manifestantes entoam palavras de ordem contra o mandatário petista e também pedem o impeachment do presidente.