Para que o projeto de duplicação da BR-381, conhecida como “Rodovia da Morte”, saia do papel, 1.750 pessoas que residem às margens da rodovia entre Belo Horizonte e Caeté precisam ser indenizadas e ter seus imóveis desapropriados. A medida, que trava o início das obras no trecho de 40 quilômetros, depende ainda de um acordo em discussão na Justiça Federal, que ainda não tem prazo de conclusão.

Confira, abaixo, o depoimento de moradores que devem ter os imóveis desapropriados para realização das obras na BR-381.

Carlos Nei Rodrigues

Morador do bairro Bom Destino, em Santa Luzia (região metropolitana), o vendedor Carlos Nei Rodrigues, 48 – que vive sozinho em uma casa sobre um pequeno barranco às margens da BR-381 –, relata que a vida ‘parou’ diante da indefinição sobre as desapropriações. “Tem algumas obras que eu preciso fazer na minha casa, mas não faço porque, de repente, terei que sair e não posso gastar dinheiro à toa”, relata. “O ideal seria que resolvessem logo sobre as desapropriações.”

Juliana Gomes dos Santos

A comerciante Juliana Gomes dos Santos, 37, vive há oito anos com o filho pequeno às margens da rodovia, no bairro Bom Destino, em Santa Luzia. A casa de Juliana foi construída debaixo de uma passarela para pedestres. Ao falar da estrutura, a moradora lembra que a ligação com o outro lado da pista, onde fica parte do bairro, foi construída após uma tragédia. “Uma menina de 7 anos foi atravessar a rodovia com a mãe, mas correu e morreu atropelada por um carro. Depois disso, fizeram a passarela”, conta. Ela diz que só mora perto da rodovia porque não tem condições financeiras de ir para outro lugar. “Eu morava com a minha mãe e não conseguia comprar uma casa. Aí, minha família me ajudou a construir aqui”, justifica.

Cristiane Cardoso de Souza

Um metro é a distância entre a porta da casa da vendedora ambulante Cristiane Cardoso de Souza, 35, e a pista da BR-381, na altura do bairro Bom Destino, em Santa Luzia . A família da vendedora, que tem três filhos, personifica o maior nó rodoviário mineiro que o governo federal tenta desatar. “Não é a primeira vez que vêm aqui, falam que teremos que sair e, depois, nada acontece. (...) Para ir ao supermercado e para ir ao médico, tem que atravessar a BR. Boa parte da vida está do outro lado da rodovia.”

Viviane Gonçalves de Almeida

As últimas informações sobre indenizações e reassentamento da comunidade da Vila da Luz têm chegado via comissão de moradores. A representante do grupo, Viviane Gonçalves de Almeida, dona de um salão de beleza na região, explica que um processo judicial está em curso para intermediar com o governo federal o pagamento de indenizações e os reassentamentos. Viviane, que mora na vila com o marido e o filho, cobra agilidade nas negociações. “Já perdemos parentes aqui”, diz. “Passamos a vida tendo que atravessar a rodovia”, acrescenta.

Imaculada Conceição Costa da Silva

A dona de casa Imaculada Conceição da Silva, 55, foi uma das primeiras a construir uma casa na vila, que se formou há 20 anos. “Várias vezes, falaram que sairíamos daqui, mas nada aconteceu até agora”, relata a moradora, que criou quatro filhos no local. “Moro em uma casa e não vou passar a viver em um apartamento”.