A criação de seis novas secretarias municipais no governo da prefeita Marília Campos (PT), em Contagem, deve resultar em um custo extra mensal de aproximadamente R$1,6 milhão,  em um ano o gasto pode chegar a R$ 22,2 milhões. O texto encaminhado pela prefeitura estabelece que serão criados 1.607 cargos, em diversos níveis da administração pública. Os novos órgãos da administração municipal serão a Secretaria Geral; as secretarias de Licitação e Contratos; de Habitação; de Serviços Urbanos; de Mulheres e Juventude; e a de Trabalho e Geração de Renda.

Os números, no entanto, não provocaram preocupações ou críticas entre os vereadores da cidade. O projeto já foi aprovado em primeiro turno na última terça-feira (25 de fevereiro) e a expectativa do governo é que a tramitação seja acelerada. De acordo com a vice-líder da prefeita na Câmara Municipal, vereadora Adriana Souza (PT), a intenção é que a proposta esteja pronta para votação definitiva na primeira reunião ordinária da Câmara após o Carnaval, em 11 de março.

“Houve um processo de diálogo bem construído entre a prefeitura e os vereadores; os secretários municipais de Administração (Antônio David) e de Governo (Pedro Amaral) estiveram na Câmara, tiraram todas as dúvidas e o projeto terminou aprovado em primeiro turno apenas três votos contra, dos vereadores do PL, entre os 25 vereadores”, afirmou.

O vereador Pedro Luiz (PL), um dos três que votou contra, questionou e afirmou que não há razões para a prefeitura criar novos cargos. “Bastava reorganizar internamente; estas seis novas secretarias não vão resolver os problemas de Contagem. A prefeitura diz que as contas estão equilibradas, mas todos os dias chega um pedido para liberação de aqui na Câmara. Hoje os cofres da administração municipal estão cheios de dinheiro dos empréstimos feitos pela prefeitura, mas esta conta terá que ser paga pelos próximos gestores. É preciso responsabilidade e austeridade”, afirmou.

A prefeitura também ressaltou que toda a negociação para construção da Reforma Administrativa foi feita com transparência e minimizou os gastos extras provocados pela mudança. Em nota, o governo de Contagem destaca que o aumento de custos não irá comprometer as contas da cidade. 

“As mudanças estabelecidas pela nova estrutura estão de acordo com a legalidade e buscam o aperfeiçoamento do atendimento à população. Esclarece que a folha de pagamento da totalidade dos servidores ativos da Prefeitura de Contagem, para o mês de janeiro/2025, foi de R$94.657.611,88. Dessa forma, verifica-se que o aumento mensal decorrente da reforma administrativa é da ordem de 1,77%”, afirmam.

Mais secretarias que BH e quase o dobro do governo Zema

Com as mudanças, Contagem passa a ter 25 secretarias municipais, além do gabinete da prefeita, das autarquias e regionais. O número é maior do que em Belo Horizonte, onde também houve um aumento de pastas em janeiro, com a aprovação de uma reforma administrativa para o segundo governo de Fuad Noman (PSD), e atualmente conta com 20 secretarias. Quando comparado com o governo de Romeu Zema (Novo) a diferença com a prefeitura de Contagem é ainda maior e chega quase ao dobro. Na administração estadual são 15 secretarias, incluindo a Secretaria-geral. 

A oposição em Contagem teme que a quantidade de novas pastas vai acabar sendo utilizada para acomodar aliados na reeleição da prefeita. “A gente sabe como funciona. Viemos de uma campanha eleitoral e nos próximos dias poderemos ver quem irá ocupar estes cargos criados pela prefeitura; se servirão apenas para recolocação de aliados ou não”, disse o vereador Pedro Luiz.

A prefeitura nega e argumenta que a maioria dos novos órgãos criados na Reforma Administrativa já existiam na estrutura de Contagem e que a mudança de “status” com a alteração para secretaria visa apenas dar mais agilidade para firmar parcerias e atrair projetos especiais para a cidade. “Apenas a secretaria geral é um órgão novo; os demais já existiam. Inclusive dentro das secretarias serão criados espaços importantes para resolver gargalos da cidade, como as subsecretaria de inclusão, para crianças com algum tipo deficiência, transtorno ou espectro, que tem aumentado muito, assim como a superintendência de formação na secretaria de Educação; a criação da superintendência para melhorar o atendimento de urgência e emergência, entre outros pontos que irão tornar a gestão mais eficiente e transparente”, disse a vereadora Adriana Souza, vice-líder do governo Marília. 

Um dos nomes novos que chega a prefeitura com a reorganização da estrutura do governo é o de Leonardo Petrus; ele era o subsecretário de Gestão e Finanças da Secretaria de Saúde, no governo Zema e será o do novo secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão em Contagem.