Após o Carnaval de 2024 ter sido marcado pela disputa de “paternidade” da operação da festa, a Prefeitura de Belo Horizonte e o Governo de Minas parecem ter deixado os desentendimentos para trás. Para 2025, os Executivos estadual e municipal assinaram, juntos, um protocolo de intenções para “selar” a união em prol da festa, além de terem ampliado os investimentos com a expectativa de atrair até 6 milhões de foliões e movimentar R$1 bilhão na economia local.
Em comparação com o ano anterior, o Governo de Minas irá destinar cerca de 252% a mais do orçamento para a festa na capital: de R$ 8,5 milhões em 2024, Belo Horizonte terá R$ 30 milhões oriundos do Estado em 2025. Já a prefeitura aumentou seu orçamento em 64%. Enquanto no ano passado destinou R$ 13,1 milhões de recursos próprios, neste ano, o valor será de R$ 21,5 milhões.
O Governo de Minas investiu no Carnaval de Belo Horizonte pela primeira vez em 2024. Na época, houve um confronto com a prefeitura da capital. A polêmica começou após o Estado patrocinar o sistema de sonorização das avenidas dos Andradas e Amazonas. A tentativa do governo do Estado de ganhar os holofotes com a folia levou a PBH a reagir. Houve trocas de farpas entre o prefeito Fuad Noman (PSD) com o vice-governador, Mateus Simões (Novo).
O “ReciclaBelô!” também gerou, na época, desentendimentos sobre a autoria do programa. Enquanto interlocutores da PBH defendiam que toda a operacionalização seria competência municipal e acusavam o Estado de se apropriar da proposta, o Governo de Minas anunciou o projeto como um produto idealizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente.
Para 2025, os desentendimentos parecem ter ficado no passado. Em entrevista ao programa Café com Política, exibido no último dia 20 de fevereiro, a secretária adjunta de Comunicação de Minas Gerais, Bárbara Botega, afastou a ocorrência de crises políticas entre os dois poderes neste ano.
Estado espera retorno financeiro e turístico com festa
Enquanto no ano passado o Governo de Minas destinou R$ 8,5 milhões para o Carnaval de Belo Horizonte, para patrocínio direto e recursos via Lei Estadual de Incentivo à Cultura, em 2025, o investimento saltou para R$ 30 milhões. Conforme o Executivo estadual, o valor abrange editais com patrocínio da Cemig, investimentos na Via das Artes (patrocínio da Codemge), Atrium da Liberdade, Palácio do Samba e segurança pública.
Em conversa com a reportagem de O TEMPO, a secretária adjunta de Comunicação de Minas Gerais, Bárbara Botega, explica que 50% do fluxo do Carnaval no estado se concentra em Belo Horizonte e o restante, no interior de Minas. Desta forma, o governo levou em consideração essa movimentação para dividir os recursos. No total, serão R$ 60 milhões destinados a 450 cidades.
Conforme a secretária adjunta de Comunicação, a festa traz grande retorno financeiro e, além disso, incentiva o turismo no Estado, o que justificaria o investimento. Como Bárbara lembra, são mais de 70 cadeias produtivas envolvidas na realização das festas, como de operação de som, transporte, bebidas e alimentação.
“É um momento que entendemos que há a geração de emprego e renda para um universo muito amplo de atividades econômicas. Então, faz muito sentido propiciar isso, e tem mais: a pessoa que vem em Belo Horizonte, vem em Minas Gerais, costuma voltar para alguns outros momentos também. Então, é uma porta de entrada para o aquecimento do turismo como um todo dentro do estado.”
Investimento da PBH
Em 2025, a Prefeitura de Belo Horizonte irá destinar R$ 21,5 milhões para a estruturação e fomento do evento, sendo que R$ 20 milhões já haviam sido liberados e anunciados em 2024, pelo prefeito Fuad Noman (PSD). Além disso, haverá R$ 6,4 milhões de patrocínio, sendo R$ 5,9 milhões por parte da Ambev e R$ 500 mil da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), somando, assim, R$ 27,9 milhões de recursos até então.
No ano passado, foram R$ 19,1 milhões no total, sendo R$ 13,1 milhões de recursos próprios e R$ 6 milhões de patrocínio. Ao final da festa, entretanto, o montante destinado pela prefeitura para o carnaval de 2024 foi de R$ 35 milhões, considerando outros R$ 16,3 milhões, que se referem a investimentos em serviços públicos por meio das demais secretarias municipais, como a Superintendência de Limpeza Urbana.
De acordo com a PBH, o montante de investimentos em serviços públicos por meio das demais pastas para 2025 ainda está em fechamento.
Distribuição ‘democrática’
Na avaliação da presidente da Liga Belorizontina de Blocos Carnavalescos, Polly Paixão, a destinação de recursos para os blocos da capital tanto por parte do Estado quanto por parte do Município tem sido “democrática” por ocorrerem por meio de editais. Porém, ela defende que os investimentos por parte da iniciativa privada ocorram de outras formas.
No Carnaval de 2025, após alguns anos afastada, a Ambev irá destinar R$ 5,9 milhões na festa em Belo Horizonte. Para Polly, o recurso privado é baixo em comparação ao de outras capitais, como São Paulo e Rio de Janeiro. A representante dos blocos defende uma mudança no Código de Posturas municipal para dar mais abertura para investimentos do tipo, inclusive, para patrocinadores menores.
“O Código de Posturas é um documento feito para a cidade, no ano inteiro. Precisamos destacar que o Carnaval de Belo Horizonte tem sido um grande angariador de recursos para a cidade. Então, o Carnaval não pode ser tratado como os outros dias do ano, porque isso traz limitações para ativar o patrocinador.”