Em entrevista ao Café com Política, exibida nesta segunda-feira (16 de junho), a deputada Lohanna (PV) afirmou que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o vice-governador, Mateus Simões (Novo), têm dito “inverdades” sobre o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Na avaliação da parlamentar de oposição, o governo Zema demonstra que deseja que haja problemas na adesão ao programa para que possa fazer críticas ao governo federal.
Nos últimos meses, Zema tem sido um crítico ferrenho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que sancionou a avalizou o Propag juntamente com o senador Rodrigo Pacheco (PSD), um possível adversário de Simões nas eleições para governo no ano que vem. Na entrevista, Lohanna criticou o projeto do governo estadual de entregar imóveis de Minas à União. “A nossa proposta é pelo arquivamento total do projeto. Isso é o que o Bloco defende”, disse, referindo-se ao grupo de oposição na Assembleia Legislativa, Democracia e Luta.
“Acho que é um entendimento muito claro de que todos aqueles imóveis que estão na lista têm um dano muito grande e que o governo mente quando coloca no ofício da lista que são imóveis subutilizados ou mal utilizados”, avaliou. Para ela, não há interesse do governo federal nem do povo mineiro em entregá-los.
“Cabe lembrar que a gente só sabe desses imóveis porque nós solicitamos, porque a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) solicitou ao governo. O governo não havia mandado sequer a lista, e eles terminam a lista que eles mandaram colocando que essa não é uma lista engessada, que podem existir outros imóveis e que eles precisam dessa flexibilidade para negociar com a União. Importante lembrar também que o Propague não prevê imóveis, então essa é uma invenção do governo”, criticou a deputada.
“A sensação que fica é que o governo Zema quer que a adesão ao Propag dê problema para que eles possam fazer uma disputa política e criticar o governo federal. Eu espero muito estar errada nessa afirmação minha. Acho que eu nunca quis tanto estar errada numa afirmação. Mas a sensação que fica efetivamente é essa, porque o governador e o vice-governador têm falado inverdades em alguns momentos”, afirmou.
Ela citou uma publicação de Simões nas suas redes sociais no domingo (15) como exemplo. “Em um recorte de entrevista, ele fala que o governo federal obriga a entregar 20% do valor da dívida de uma vez, que seria mais ou menos R$ 34 bilhões. A dois dias atrás, em uma entrevista a outro jornal, ele diz que o governo federal está roubando Minas Gerais”.
“Eles não tiveram capacidade política, altivez política de construir uma alternativa quando o presidente da República era um aliado político deles, que era o ex-presidente Bolsonaro. Precisou de entrar um adversário na presidência, o presidente Lula, para que fosse construído um caminho alternativo e muito melhor”, avaliou a deputada.
Últimos grãos da ampulheta
Lohanna ainda disse que irá cobrar o vice-governador de uma promessa feita em 8 de maio, quando ele apresentou o projeto para aprovação do Propag na Assembleia Legislativa. “O governador respondeu no microfone gravado que ele tinha pavor dessa falta de transparência em relação aos setores beneficiados e da gente ter o controle só do valor total, e que ele apresentaria em cerca de 45 dias uma lista dos principais beneficiários”, disse, referindo-se às isenções fiscais concedidas pelo governo de Minas.
“A partir do dia 20 de junho eu cobrarei publicamente do vice-governador onde está essa lista”, enfatizou, completando: “a isenção tem que se justificar no tempo. E o problema e a minha grande crítica é que as isenções em Minas não se justificam no tempo. A gente não tem garantias e apresentações dos setores para a Secretaria de Estado de Fazenda e para a Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia mostrando que essas ações estão efetivamente virando aumento de número de vagas de emprego, aumento de potencial produtivo, aumento no desenvolvimento regional, na infraestrutura, a gente não tem isso”.
As assessorias do governo de Minas e de Simões foram procuradas. Caso haja uma resposta, esta matéria será atualizada.