O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), voltou a fazer indiretas ao governo federal durante agenda em Sabará, na região metropolitana de Belo Horizonte. Em discurso durante evento que inaugura uma nova linha da ArcelorMittal, Zema fez críticas à forma como o Brasil gere a economia, mas não citou o nome do presidente Lula (PT) ou no ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT).
“Nas últimas décadas, surgiram mágicos da economia falando que é possível fazer uma economia avançar consumindo mais. É como uma pessoa que tem um tumor e vai precisar de radioterapia, mas alguém se aproveita disso e acaba dizendo que o consumo tem que ser aplicado sempre, como se a radioterapia provocasse saúde. O Brasil tem enfrentado esse tipo de problema, pessoas que se consideram acima dos economistas, dos Prêmios Nobel, da história de outros países que se desenvolveram. Então, é muito preocupante quando se acha que o consumo é o que resolve”, declarou Zema.
Na quarta-feira (12 de março), o ministro Fernando Haddad anunciou uma medida provisória que cria uma linha de consignado ao trabalhador da iniciativa privada, chamada "Crédito do Trabalhador". Durante discurso na cerimônia de assinatura da medida, Lula afirmou que o consumo é um impulsionador da economia, e por isso o governo está se esforçando a distribuir crédito. "É exatamente a capacidade de consumo que tem o povo que pode gerar a capacidade de industrialização [...] É importante que a gente lembre o papel do consumo", disse o presidente.
A fala de Zema, dois dias depois, vem como uma resposta ao anúncio do governo federal. Ainda durante agenda nesta sexta-feira, o governador disse que é preciso dar mais atenção à produção do que ao consumo, e disse que o Brasil “briga contra as leis naturais da economia”:
“Quando você tem consumo em excesso e não tem uma produção suficiente, acho que qualquer um aqui entende o que vai acontecer. Se todo mundo quiser comprar arroz e não tivermos arroz em quantidade suficiente, tem inflação. Esse tem sido um problema crônico no Brasil. É como brigar contra a gravidade. No Brasil, infelizmente, brigamos contra as leis naturais da economia, que não podem ser revogadas. O setor produtivo muitas vezes não só é desconsiderado no Brasil, como infelizmente até quase criminalizado, como se trabalhar e produzir fosse crime”.
O novo discurso de Zema com indiretas para o governo federal acontece dois dias depois do governador publicar um vídeo afirmando que o presidente Lula está “desconectado da realidade”. O vídeo foi postado nas redes sociais após um encontro entre os chefes do executivo estadual e federal, que foi marcado por troca de farpas.