Em 16 de março de 1990, um dia após tomar posse como presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello anunciou um ousado plano de estabilização econômica. Chamado oficialmente de Plano Brasil Novo, mas popularmente conhecido como Plano Collor, o programa visava conter a inflação descontrolada e reorganizar a economia do país. Para isso, o governo implementou a troca da moeda vigente, o congelamento de preços e salários e, a medida mais polêmica de todas, o bloqueio de depósitos bancários.
"Não temos mais alternativas. O Brasil não aceita mais derrotas. Agora, é vencer ou vencer. Que Deus nos ajude", anunciou Collor em pronunciamento nacional realizado durante a manhã.
Durante seu programa eleitoral, Fernando Collor acusa Lula de ter a intenção de congelar os salários e confiscar a poupança.
Collor venceu a eleição e assumiu a presidência em 15 de janeiro de 1990. No dia seguinte, ele anunciou o congelamento de salários e o confisco das… pic.twitter.com/9s0l4Hnwts
Já em posicionamento oficial com a equipe econômica, na parte da tarde, a então ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, detalhou a principal ação do plano: o governo confiscaria todos os valores que excedessem 50 mil cruzados novos em contas correntes, cadernetas de poupança e aplicações financeiras. Esses recursos permaneceriam retidos no Banco Central por 18 meses, com a promessa de serem corrigidos em 6% ao ano e devolvidos em 12 parcelas a partir do 19º mês.
A justificativa do governo era clara: reduzir drasticamente a quantidade de dinheiro em circulação e, assim, conter a inflação galopante, que ultrapassava 80% ao mês e acumulava mais de 6.000% ao ano. Com o confisco, cerca de 75% do capital disponível foi retirado da economia de um dia para o outro. O efeito foi devastador: empresas tiveram dificuldades para manter suas atividades, consumidores ficaram sem acesso ao próprio dinheiro, e o comércio entrou em colapso.
Apesar da esperança inicial de que o plano traria estabilidade, os problemas surgiram rapidamente. O consumo despencou, a atividade econômica recuou, e a recessão tomou conta do país. Em 1990, o Produto Interno Bruto (PIB) teve uma forte queda, agravando ainda mais a crise.
Além dos impactos econômicos, o governo Collor passou a enfrentar uma crescente crise política. O descontentamento da população, aliado a denúncias de corrupção, resultou em um processo de impeachment que culminou na saída do presidente em 1992. No fim, o plano não conseguiu conter a inflação, aprofundou a recessão e deixou milhões de brasileiros com suas economias comprometidas, tornando-se um dos episódios mais traumáticos da história econômica do país.