A possibilidade da seleção adotar a cor vermelha em seu segundo uniforme na Copa do Mundo de 2026 provocou revolta no senador mineiro Cleitinho (Republicanos). Logo após a informação começar a circular nesta segunda-feira (28 de abril), o político, apoiador declarado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi às redes sociais para divulgar um vídeo acusando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de trocar a cor da camisa por “politicagem” e ideologia.
“O ano que vem, 2026, é ano de Copa do Mundo e é ano eleitoral. Eles querem fazer politicagem e ideologia acabando com uma tradição que é a camisa amarela”, disse o parlamentar. O senador ainda propôs abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
Canalhas!Estão querendo mudar a cor da camisa da Seleção Brasileira pra vermelho pra usar na Copa do Mundo de 2026.Querendo acabar com uma tradição por pura ideologia e politicagem.Vou pra cima. pic.twitter.com/ZF5OGmQM30
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De acordo com informações divulgadas pelo site inglês Footy Headlines, especializado em camisas de futebol e que foi o primeiro a divulgar a informação, a possibilidade de adotar uma camisa vermelha teria partido da Nike, empresa patrocinadora e fornecedora de material esportivo da seleção. A camisa, uma estratégia comercial, seria assinada pela marca Jordan, tradicional parceira da empresa. Além disso, haveria limitações no estatuto da Fifa que poderia punir confederações que se submetessem à interferência de governos.
Por outro lado, a informação mobilizou as redes de esquerda com menções ao presidente Lula (PT) como capitão do time e montagens colocando nomes conhecidos da seleção, como o atacante Neymar Jr, que em 2022 declarou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sendo obrigado a utilizar uma camisa vermelha para jogar na seleção.
Vocês viram isso? Teremos nova camisa brasileira e ela será vermelha. E o nosso camisa dez todo mundo sabe quem é né?
A Jordan mandou bem na estratégia. pic.twitter.com/TKtsUAceJJ
Direto aos fatos
De acordo com apuração do O TEMPO Sports o estatuto da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) não prevê, atualmente, camisas com cores diferentes das da bandeira da própria entidade máxima do futebol nacional. Segundo o capítulo III, artigo 13, inciso III do estatuto de 2017, os uniformes devem respeitar as cores da bandeira da entidade: amarelo, azul, verde e branco. O texto, porém, abre espaço para exceções em edições comemorativas.
“Os uniformes obedecerão às cores existentes na bandeira da CBF e conterão o emblema […] podendo variar de acordo com exigências do clima, em modelos aprovados pela Diretoria, não sendo obrigatório que cada tipo de uniforme contenha todas as cores existentes na bandeira e sendo permitida a elaboração de modelos comemorativos em cores diversas, sempre mediante aprovação da Diretoria”, diz o estatuto da CBF.
Camisa Vermelha da Seleção brasileira: somente edição especial
Segundo o atual estatuto da CBF, a camisa vermelha da seleção brasileira poderia ser usada pelos atletas, mas apenas em jogos comemorativos. Como ocorreu em 2023, quando a entidade lançou uma camisa preta em homenagem ao atacante Vinícius Júnior, utilizada em amistoso contra Guiné.
Para que o uniforme seja usado oficialmente em jogos da Copa do Mundo ou torneios oficiais, seria necessário que a diretoria da entidade máxima do futebol aprove a mudança.
Até agora, a entidade não confirmou a existência do novo modelo. Fontes ouvidas por O TEMPO Sports indicam que os modelos apresentados pela Nike para a Copa de 2026 seguem o padrão tradicional: camisa 1 amarela, e camisa 2 azul, apenas com algumas atualizações no design.
A reportagem procurou a Nike, fornecedora de material esportivo da seleção brasileira de futebol desde 1996, para comentar a informação, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
(Com informações de Bárbara Ribeiro e Dimara Oliveira)