BRASÍLIA - Jair Bolsonaro (PL) segue com o quadro clínico estável e permanece sem previsão de alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital particular em Brasília, conforme boletim médico desta terça-feira (29). O ex-presidente está internado desde que passou por uma cirurgia de desobstrução intestinal há 17 dias

"O Hospital DF Star informa que o ex-presidente Jair Bolsonaro permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em acompanhamento pós-operatório. Segue estável clinicamente, sem dor ou febre e com pressão arterial controlada, mantendo a melhora dos exames laboratoriais do fígado", diz trecho do documento. 

Na segunda-feira (28), foi informado pelos médicos que o ex-presidente começou a fazer ingestão de água, chá e gelatina. Na atualização mais recente da equipe médica, é dito que apesar da gastroparesia (retardo do esvaziamento do estômago), Bolsonaro tem aceitado bem a oferta de líquidos e gelatina.

"Mantém sinais de movimentos intestinais espontâneos. Continua recebendo suporte calórico e nutricional por via parenteral (endovenosa), realizando fisioterapia motora e recebendo as medidas de prevenção de trombose venosa. Permanece com visitas restritas e sem previsão de alta da UTI", afirma o trecho que finaliza o boletim.

O boletim é assinado pelos médicos Cláudio Birolini (chefe da equipe cirúrgica), Leandro Echenique (cardiologista), Antônio Aurélio de Paiva Fagundes Júnior (coordenador da UTI), Brasil Caiado (cardiologista), Guilherme Meyer (diretor médico do hospital) e Allisson Barcelos Borges (diretor-geral do hospital).

A cirurgia

O ex-presidente passou mal durante uma agenda política no Rio Grande do Norte, em 11 de abril. No dia seguinte, por decisão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ele foi transferido para uma unidade hospitalar em Brasília. Em 13 de abril, o político passou por uma cirurgia que durou 12 horas.

O procedimento foi feito para remover aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal. Essa foi a sétima e mais longa cirurgia realizada em Bolsonaro desde a facada que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018, em uma caminhada em Juiz de Fora, na Zona da Mata de Minas Gerais.

A equipe médica classificou a cirurgia como “extremamente complicada”, mas informou que não houve intercorrências durante o procedimento. A previsão é de que a recuperação leve de dois a três meses. Após isso, os médicos esperam que o ex-presidente não enfrente restrições de saúde nem precise passar por novas cirurgias.

Histórico hospitalar

O ex-presidente apresentou uma piora clínica no dia 24, após receber na UTI uma oficial de Justiça que o intimou no âmbito da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado após a derrota nas eleições de 2022. Ele apresentou aumento da pressão arterial e piora dos exames, mas no dia seguinte fez uma tomografia e foi descartada a necessidade de uma nova cirurgia.

Apesar da orientação de não receber visitas, o ex-presidente recebeu, na última semana, o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e o pastor Silas Malafaia. Essas visitas e uma live realizada no hospital foram usadas como justificativa para que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizasse a intimação.

O entendimento foi de que o ex-presidente tem se mostrado apto a receber visitas políticas enquanto se recupera de uma cirurgia onde, até então, o repouso absoluto era recomendado e estava sendo respeitado pela Corte. Bolsonaro foi intimado por uma oficial de Justiça às 12h47 de quarta-feira (23). O momento foi gravado pela equipe dele. 

O vídeo, com 11 minutos de duração, foi publicado nas redes sociais do político, que pediu ajuda na divulgação. Durante o vídeo, Bolsonaro questiona a servidora em alguns momentos o cumprimento da ordem determinada por Moraes. Entidades que representam oficiais de justiça repudiaram a divulgação do vídeo

Manifestação

Mesmo internado na UTI, o ex-presidente Jair Bolsonaro  convocou seus apoiadores para uma manifestação em Brasília a favor da anistia dos condenados pelo 8 de Janeiro. A convocação é para o dia 7 de maio, às 16h.

O vídeo com a convocação foi publicado pelo pastor Silas Malafaia, responsável pela organização dos atos. Segundo ele, a concentração será na torre de TV de Brasília e, em seguida, os manifestantes caminharão em direção ao Congresso.