Em entrevista ao Café com Política, a deputada estadual Leninha (PT) comentou a possível candidatura do senador Rodrigo Pacheco (PSD) ao Governo de Minas. Ela lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já manifestou interesse em vê-lo como nome apoiado pelo PT, mas ressaltou que o senador ainda não se posicionou. A parlamentar disse esperar uma resposta no segundo semestre, antes do fim do ano, e cobrou mais presença de Pacheco em Minas. 

“A gente já mandou recado para o Rodrigo Pacheco. Ele sabe que nós estamos aguardando um momento para conversar seriamente sobre isso. A gente espera, inclusive, que ele faça mais agendas em Minas Gerais, que ele volte a Minas com mais força, entendendo o papel nacional que ele cumpriu como presidente do Senado e que continua cumprido no Senado brasileiro”, afirmou a deputada no programa do canal O TEMPO, exibido nesta sexta-feira (16 de maio). 

"É muito ruim de fato essa situação, porque a gente recebe os recados indiretos do governo federal e em alguns locais as pessoas já ovacionam o Pacheco como governador, mas ele não se pronunciou. Claro, é uma decisão dele, a gente respeita o tempo dele. Mas não pode demorar, porque as articulações precisam ser feitas", completou a deputada. 

Para a parlamentar, o partido precisa chegar a abril com clareza sobre os nomes que disputarão as vagas majoritárias - Senado, Governo e vice. "A gente precisa estar com as peças claras no jogo do xadrez, da política, para ver que movimentos, que estratégias nós vamos adotar para a disputa em Minas Gerais. Na nossa avaliação, se ele pudesse dar uma resposta no segundo semestre, antes de encerrar o ano, a gente viraria o ano com foco na eleição do Rodrigo Pacheco para governo de Minas. Para nós, o ideal é este ano”, avaliou. 

Vice do PT 

Leninha afirmou que o apoio do PT ao Pacheco não está condicionado à presença de um vice do partido. “A estratégia política é sempre trazer os aliados da base do governo Lula. Então, além da nossa federação, a gente pode ter um campo amplo de partidos compondo com a gente. Então, tudo isso é negociações. Nós não podemos falar assim: 'nós vamos apoiar o Pacheco e dessa forma o PT tem que indicar o vice'. Não é isso. A gente fecha as portas quando a gente se posiciona dessa forma. Se você quer ampliar o número de partidos nesse projeto, você precisa estar aberto para também fazer outras discussões com esses partidos que vão compor a base do palanque do Lula aqui em Minas”. 

O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Tadeu Martins Leite (MDB), seria um nome “apto a negociações”. “O partido que ele compõe hoje está na base do governo Lula também”, lembrou Leninha.

Indefinição de Pacheco sobre disputa pelo governo de Minas em 2026 preocupa partidos aliados

A falta de definição do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) sobre seu futuro político tem gerado preocupação entre aliados. Recentemente, ele recusou o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para integrar a Esplanada dos Ministérios e não demonstra entusiasmo com a possibilidade de disputar o governo de Minas Gerais em 2026.

Em meio a isso, aliados tentam convencer Pacheco de que ele é uma das principais lideranças políticas de Minas e do país, especialmente por ter deixado em fevereiro a presidência do Senado. Argumentam ainda que o senador precisa aproveitar esse protagonismo para não cair em segundo plano no cenário político e chegar enfraquecido à próxima eleição.

Até o início deste ano era dado como certo de que Pacheco faria parte do governo de Lula após deixar o comando do Senado, principalmente pensando em ser o candidato do petista no pleito para o governo do Estado em 2026. Contudo, após retornar de férias e buscar o presidente para discutir seu futuro político, os interesses de ambos divergiram.

Para virar ministro, Pacheco tinha duas preferências: Justiça e Segurança Pública, hoje com Ricardo Lewandowski, ou Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, que está nas mãos do vice-presidente, Geraldo Alckmin. Em janeiro havia conversas de que teriam mudanças nessas pastas para reforma ministerial, até de um cansaço de Lewandowski.

Mas o cenário político mudou e Lula recuou. Ofereceu então ao senador o Ministério de Ciência e Tecnologia, hoje chefiado por Luciana Santos. A opção não agradou ao ex-presidente do Senado, que decidiu se manter no mandato. Há quem justifique esse desencontro pela demora do Pacheco em definir o que quer no campo político. 

É justamente essa característica de cautela extrema do político que preocupa pessoas próximas a ele. A avaliação é de que a morosidade em tomar um veredito pode complicar os planos políticos desse grupo no Estado que conta hoje com apoio do presidente Lula e, por isso, poderia dar mais visibilidade para uma corrida eleitoral no Estado. 

Um interlocutor conta que o desejo número um do senador sempre foi virar ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, a menos que um ministro solicite afastamento antes de completar 75 anos, a próxima vaga só se abrirá em 2028, quando Luiz Fux atingirá a idade de aposentadoria compulsória. 

Com tantas variáveis em aberto, o ex-presidente do Senado avalia as cartas que estão na mesa.  Entre elas estão: tentar a reeleição no Senado ou o governo de Minas. Nos bastidores tem sido dito que para essa última opção pesará para Pacheco quem vai concorrer ao pleito porque “não quer entrar para perder”. Hoje como concorrentes ele teria Mateus Simões, vice-governador (Novo), e é ventilado também o nome do senador Cleitinho (Republicanos). 

Além disso, Pacheco avalia o tipo de campanha que teria que enfrentar em uma corrida ao governo de Minas, ponderando se seria marcada por ataques pessoais que vão para o campo pessoal. Segundo uma pessoa próxima a ele, esse tipo de confronto intenso não é algo que agrada ao senador neste momento.

Vale lembrar que, em fevereiro deste ano, ao deixar a presidência do Senado e ser questionado sobre seu futuro político, o senador Rodrigo Pacheco afirmou que sempre teve o sonho de ser governador de Minas Gerais. Contudo, como é de praxe, ponderou sobre o destino em seguida. 
 
Enquanto essa indefinição persiste, aliados políticos têm se revezado em conversas com o mineiro para convencê-lo a entrar na campanha eleitoral. 
A principal preocupação do grupo é a ausência de outro nome que represente a centro-esquerda com o apoio do presidente Lula para disputar a vaga de Romeu Zema (Novo). Sem Pacheco, outro nome teria que ser construído do zero. 

A indefinição de Pacheco também afeta as articulações dos partidos do campo progressista para o pleito de 2026 em Minas. Diversas legendas aguardam alguma sinalização sobre ser ou não candidato ao governo do Estado para iniciar as articulações de vice e montagem de chapa ao Senado.

A ausência de Pacheco nos eventos de Lula em Minas Gerais também acendeu um alerta entre seus aliados. "É estranho uma pessoa que pretende disputar uma eleição já não começar uma campanha com o presidente no Estado. Ele não quer concorrer para perder", avaliou um aliado de forma reservada.