Para o diretor de Relações Intersindicais e Parlamentares do Sindicato dos Servidores da Tributação, Fiscalização e Arrecadação de Minas Gerais (Sinfazfisco-MG), Hugo René de Souza, o recente anúncio do governo de Romeu Zema (Novo) de contingenciar R$ 1,1 bilhão em recursos previstos para as secretarias estaduais em 2025 seria uma tentativa de criar uma “cortina de fumaça” para não reajustar o salário dos servidores. Conforme o representante sindical, o Estado não teria motivo fiscal e contábil para fazer os cortes. Souza falou sobre o tema durante entrevista ao programa Café com Política, exibido no canal no YouTube de O TEMPO nesta segunda-feira (5 de maio).
No mês passado, Zema anunciou um contingenciamento de 0,8% do orçamento total de Minas para impedir uma “calamidade” nas contas públicas do Estado. A medida foi alvo de críticas pelo Sinfazfisco-MG, que argumenta que o mesmo não trataria de economia.
“Quando se fala em corte temporário, o cidadão mineiro que depende dos serviços públicos, vai conseguir dar uma pausa na sua doença? Vai poder ficar um tempinho sem frequentar escola? Vai poder ficar um tempinho sem ter a segurança pública na sua porta?”, questiona Souza.
Na avaliação do diretor da categoria, não haveria motivos fiscais e contábeis para justificar o corte. “Nós temos hoje em torno de R$ 35 bilhões em caixa. Há uma cortina de fumaça”, diz.
No caso, a “cortina de fumaça” seria para evitar a recomposição para outras categorias para além da educação, que teve a revisão salarial de 5,26% para os profissionais da educação básica do Estado proposta por Zema recentemente aprovada em primeiro turno pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Em audiência pública em abril, o Governo de Minas já havia dito que não deveria dar reajuste aos servidores em 2025.
Souza ainda comenta sobre o aumento do salário do governador e dos secretários, um reajuste de quase 300% aprovado em 2023. Os vencimentos de Zema saltariam de R$ 10,5 mil para R$ 41,8 mil até 2025, enquanto o salário do vice-governador chega a R$ 37,6 mil. Salários dos secretários ficam em R$ 34,7 mil, enquanto dos adjuntos, R$ 31,2 mil.
Para o sindicato, se houvesse redução do que é pago ao primeiro escalão, não seria necessário um corte às pastas estaduais, que afetam os servidores.
“É só voltar o salário (anterior) que Zema já vai economizar metade desse dinheiro que ele quer economizar. É um Robin Hood às avessas: tirar da população o que precisa e passar para poucos”, diz.