Possível pré-candidato à presidência da República, o governador Romeu Zema (Novo) tem intensificado suas agendas no Estado de São Paulo. Só na primeira quinzena de junho, o chefe do Executivo mineiro visitou as terras paulistas pelo menos três vezes para participar de eventos e reuniões e conceder entrevistas a jornais locais. Nos bastidores, a informação é que se trata de mais uma estratégia do governador para tentar nacionalizar o nome dele, somada ao maior posicionamento nas redes sociais.
Logo no começo do mês, em 2 de junho, Zema se reuniu com cerca de 30 empresários e investidores franceses durante almoço organizado pela Câmara de Comércio Brasil-França em São Paulo. Ao lado do secretário de Estado de Infraestrutura e Parcerias, Pedro Bruno, o governador apresentou um balanço de ações em Minas Gerais. No dia seguinte, ainda na capital paulista, Zema almoçou com o ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central Alex Schwartsman. Ambos compartilham de críticas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) patrocinado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Na mesma data, o governador concedeu entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” que ganhou repercussão nacional após fala sobre a ditadura militar. Na ocasião, Zema classificou o regime como “questão de interpretação”, o que o tornou alvo de críticas nas redes sociais e em meio a deputados estaduais da oposição.
O chefe do Executivo mineiro esteve em Belo Horizonte no dia 4 de junho, mas retornou a São Paulo logo no dia 5. Na data, participou da abertura do evento Global Agribusiness 2025, além de uma reunião com o presidente da Invest Minas, João Paulo. No dia seguinte, o governador foi a Guarujá para marcar presença no Fórum Esfera Nacional. Depois de alguns dias de volta a BH e uma passagem por Brasília, Zema retornou, novamente, a São Paulo. No dia 12 de junho, concedeu entrevista a um veículo de comunicação, data em que o presidente Lula (PT) esteve em Minas para agendas em Mariana e Contagem. A ausência de Zema nos eventos no Estado foi criticada pela comitiva presidencial.
Interlocutores do Partido Novo apontaram que essa presença marcante em São Paulo faz parte, de fato, de uma estratégia de colocar o chefe do Executivo mineiro no cenário nacional, visando às eleições de 2026. Nos bastidores, está claro o desejo de Zema de se tornar candidato à Presidência ou compor uma chapa como vice. Há cerca de um ano, em um café com jornalistas mineiros, o governador citou a possibilidade de o nome dele estar colocado como candidato da direita em 2026. Agora, além das viagens para São Paulo, o discurso mais “radical” que Zema vem adotando faria parte do projeto. Se a candidatura ao Executivo não for viabilizada, há a intenção de lançá-lo como candidato a deputado federal, embora o próprio governador já tenha dito que “não tem perfil” para cargo no Legislativo. Nas redes sociais, o principal alvo de Zema é o presidente Lula.
Conforme levantamento de O TEMPO, em aproximadamente dois meses, Zema publicou cerca de 30 conteúdos no feed do Instagram de oposição direta ao governo federal. O presidente estadual do Partido Novo, Christopher Laguna, foi procurado para comentar sobre as agendas de Zema em São Paulo e a possível estratégia, mas não retornou.