No melhor estilo mineiro, o governador Romeu Zema (Novo) tem aproveitado os holofotes colocados sobre ele, após os ataques trocados com o governo federal. O chefe do Executivo mineiro tem surfado na onda das farpas nas redes sociais e em outras situações, aproveitando para se tornar conhecido pelo restante do país, já de olho em 2026. Em diversos momentos, Zema tem se colocado como um possível nome da direita para disputar a presidência da República nas próximas eleições.

Nos últimos dias, o governador de Minas fez muitas críticas aos vetos do governo federal em relação à proposta de renegociação da dívida dos Estados. Lula tem rebatido publicamente essa postura do chefe do Executivo mineiro, e o governador de Minas também tem sido criticado por outros integrantes do governo.

A análise interna do governo mineiro e de pessoas ligadas ao governador é que se não aproveitar este momento, talvez o “cavalo não passe mais arriado”, usando metáforas costumeiramente utilizadas pelo governador de Minas. Um interlocutor contou ao Aparte que "toda vez que eles citam o governador", isso é uma oportunidade de ganhar relevância. "Então, se eles estão dando essas pauladas, nós vamos nos posicionar", avaliou.

Ao atacar o presidente ou o governo, Zema acaba fortalecendo a imagem de um político de oposição ao PT e a todos que circundam o partido e o governo federal, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. De acordo com alguns interlocutores, só recentemente o governador passou a ver essas farpas como positivas para o crescimento dele em nível nacional.

Uma pessoa ouvida pelo Aparte disse que, por vezes, Zema nem fica sabendo das postagens de forma imediata devido às agendas. "Se não ganha repercussão, ele nem fica sabendo, é o perfil dele, não se incomoda com esses ataques", disse. 

Contudo, com a ajuda indireta de petistas, Zema já tem aproveitado o engajamento de eleitores do país para reforçar o quadro de oposição a Lula, iniciado por ele antes da primeira campanha ao governo do Estado, quando defendia de forma ferrenha a operação Lava Jato e o então juiz Sérgio Moro. 

O bom momento de Zema nas redes sociais também ajudou a pacificar uma questão que era incômoda na gestão estadual. Havia um claro desentendimento entre a equipe de assessoria e a equipe que cuida das redes sociais do governador. Até então, algumas pessoas mais ligadas a Zema viam com bastante resistência os responsáveis pelas postagens do chefe do Executivo, gerando inúmeros atritos que não eram superados. Antes, Zema nem tinha conhecimento do que era postado. Apesar de a situação ter melhorado um pouco antes das farpas, o cenário agora é de satisfação. “Tudo resolvido. Pacificou”, disse outra fonte.

Procurado pela coluna, Romeu Zema adotou tom sereno e afirmou "que está focado em desempenhar o trabalho como governador" e que quando se posiciona nas redes sociais é "só para rebater alguma informação que pode estar distorcida".

No governo federal, a avaliação tem sido diferente. A comunicação de Lula organizou os "alvos" por temas. Na prática, quem criticou sobre um assunto específico vai receber a resposta quando esse tema for destaque no governo. Dessa forma, sempre que o assunto for o Propag, por exemplo, o mineiro será o principal alvo, uma vez que é o crítico mais ferrenho do tema. Em segurança pública, as respostas podem se voltar para o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), conforme alguns interlocutores disseram à reportagem. Os aliados do presidente entendem que como o Planalto é alvo de críticas, chegou a hora de contra-atacar, independentemente de projeções políticas de adversários para 2026.

Sobre as críticas recentes de Lula a Zema durante o evento de assinatura da concessão da BR-381, o entendimento foi de que a ausência do chefe do Executivo não poderia passar em branco, uma vez que ele sempre é o primeiro a criticar a União. "Ele sempre está pronto para reclamar do governo. Mas o governador não estar presente num momento tão simbólico para Minas, de uma promessa que se arrastou por décadas, mostra, no mínimo, ingratidão. Basicamente, 2026 já começou", contou uma fonte da equipe de Lula .