Em Minas Gerais, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha (PT), rechaçou a possibilidade do governo federal quebrar a patente de medicamentos internacionais como resposta ao tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. O gestor também classificou as falas do político norte-americano como “bravatas”.
A quebra de patente é um recurso previsto em acordos internacionais que permite, em situações emergenciais, que um país produza ou adquira versões genéricas de medicamentos ainda protegidos por patente — sem depender da autorização do laboratório detentor da tecnologia.
“A gente não vai entrar nas confusões que o Trump quer fazer com o mundo. Eu vejo todas bravatas do Trump com tranquilidade e não me desespero com ela”, declarou Padilha. “Ele tem esse costume de fazer anúncios irracionais”, acrescentou.
O ministro falou sobre o tema durante visita à fábrica da Biomm, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde foi realizada a entrega de 207.385 doses de insulinas humanas ao SUS, sendo 67.317 frascos de insulina regular e 140.068 de NPH.
As unidades foram produzidas na Índia pela farmacêutica Wockhardt, parceira da iniciativa, e representam a primeira remessa do processo de transferência de tecnologia que vai permitir ao Brasil fabricar o medicamento internamente nos próximos anos.
A ação faz parte de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) que envolve o Ministério da Saúde, a Biomm e a Fundação Ezequiel Dias (Funed). O projeto prevê a produção 100% nacional das insulinas NPH e regular, com capacidade para atender metade da demanda do SUS, o equivalente a 45 milhões de doses por ano. O investimento inicial é de R$ 142 milhões, com previsão de entrega de 8 milhões de unidades entre 2025 e 2026.
A Biomm já produz em Nova Lima a insulina glargina, de ação prolongada, e também participa de uma PDP aprovada neste ano para ampliar o fornecimento do produto ao SUS, em parceria com Bio-Manguinhos (Fiocruz) e a farmacêutica Gan & Lee.
Segundo Padilha, ampliar a produção local de insumos é uma estratégia para reforçar a soberania nacional e reduzir a dependência externa em situações de crise. “O Brasil vem, cada vez mais, buscando atrair empresas que passem a investir aqui. Estamos aproveitando para aumentar a produção nacional. Vamos aproveitar cada fala irracional para ampliar os investimentos no Brasil”, afirmou.