Ainda que por uma margem não muito folgada de votos, o prefeito de Belo Horizonte, Álvaro Damião (União), venceu nesta quarta-feira (9 de julho) a primeira batalha travada na Câmara de Belo Horizonte após ter nomeado uma série de aliados de vereadores para cargos no município. Por 27 votos "sim", cinco "não" e oito abstenções, a Casa aprovou projeto do Poder Executivo que permite a entrada da cidade em um consórcio de prefeituras. A câmara tem 41 vereadores. O presidente da Casa, cargo hoje ocupado por Juliano Lopes (Podemos), não vota. O texto precisava de 21 votos.

A aprovação, em primeiro turno, ocorreu após obstrução de parte da bancada do PT, comandada por Pedro Patrus, líder da legenda, que atrasou a votação do texto por cerca de uma hora e meia, via apresentação de requerimentos para discussão da proposição. O projeto prevê a entrada de Belo Horizonte no Consórcio Intermunicipal Multifinalitário (Congranbel). Já participam do grupo cidades como Vespasiano, Capim Branco e Itaguara.

A maior parte dos votos "não" partiram do PT. Além de Patrus, foram contra o texto Luíza Dulci e Bruno Pedralva. Já Pedro Rousseff, também do PT, votou sim. De outro partido de esquerda, o PSOL, saíram os dois outros "não", com Juhlia Santos e Iza Lourença. Outra integrante do PSOL, Cida Falabella, se absteve. A vereadora, na semana passada, viu nomeados por Damião dois indicados para a presidência e vice da Fundação Municipal de Cultura (FMC), o braço da prefeitura para o setor.

As demais abstenções foram dadas pelos três vereadores do Novo, Bráulio Lara, Fernanda Altoé e Marcela Trópia, e parte da bancada do PL, com Pablo Almeida, Vile, Uner Augusto e Sargento Jalyson. Claudio do Mundo Novo, que faz parte da bancada do PL, votou com o governo. Integrantes da chamada "Família Aro", como é conhecido o grupo de vereadores aliados do secretário de estado de Governo, Marcelo Aro, votaram "sim", como Flávia Borja (DC).

No último dia 2, Damião publicou uma série de nomeações de nomes indicados por vereadores e partidos com parlamentares na Casa para cargos na prefeitura. No caso do PT, no entanto, as nomeações não têm ligação com a bancada da legenda na Casa, mas com o deputado federal Reginaldo Lopes (PT). O partido ganhou as subsecretarias de Gestão Ambiental e de Assistência Social.

Resistência

O líder da resistência ao projeto de Damião na Casa, Pedro Patrus, defendeu durante a sessão que o texto fosse retirado da pauta para discussão com a prefeitura. A reclamação é que não houve debate sobre o texto. "O que ajuda Belo Horizonte a participação nesse consórcio? Precisamos conversar com a prefeitura para entender", disse o parlamentar. Outra crítica é que apenas cidades de pequeno porte participam do consórcio.

A defender o texto, o líder de governo, Bruno Miranda (PDT), disse que outras cidades maiores da região, como Betim e Contagem, também vão participar do consórcio, após a aprovação da entrada pelas respectivas câmaras municipais. O parlamentar citou ainda o que avaliou ser vantagem para que Belo Horizonte participe do consórcio. "Será possível, por exemplo, economizar recursos com compras feitas em conjunto", argumentou, sobre a possibilidade de conseguir preços mais baixos de produtos e serviços com aquisições em maior escala.

Para o líder do prefeito, o resultado da votação desta quarta foi positivo. "Mostra que é preciso seguir dialogando com os vereadores, para que a gente consiga fortalecer a base", avaliou. O parlamentar disse ainda ser necessário aglutinar a votação favorável de setores mais independentes da Câmara. Neste grupo se auto colocam vereadores do PT, PSOL e PL.

Damião terá na sexta-feira (11 de julho), novo teste na Casa, com a análise de projeto de lei que autoriza a transferência da prefeitura para o governo de Minas Gerais de terreno na Gameleira, onde será construído um complexo hospitalar. A expectativa, no entanto, é que o texto seja aprovado com margem maior, já que se trata da implantação na cidade de 500 leitos para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).