A decisão de lançar a pré-candidatura de Romeu Zema (Novo) à Presidência da República faltando mais de um ano para as eleições de 2026 vai além do interesse de torná-lo conhecido fora de Minas Gerais a tempo de enfrentar a disputa. A ação também integra uma estratégia do Partido Novo para viabilizar o quanto antes as candidaturas ao Legislativo, com foco especial na Câmara dos Deputados.
Conforme o presidente estadual da legenda, Christopher Laguna, a atuação de Zema como cabo eleitoral é vista como essencial para que o Partido Novo alcance as metas definidas pela chamada “cláusula de barreira”.
Prevista na legislação eleitoral, a norma define que partidos devem atingir um desempenho mínimo nas eleições para ter acesso ao Fundo Partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão. Em 2022, apenas 12 das 28 siglas que disputaram o pleito alcançaram as metas impostas pela lei. Entre as que não atingiram a cláusula de barreira está o Novo, que, naquele ano, elegeu três deputados federais.
Para 2026, os partidos terão de eleger ao menos 13 deputados federais, distribuídos em pelo menos um terço dos estados, ou conquistar, no mínimo, 2,5% dos votos válidos para a Câmara, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com o mínimo de 1,5% dos votos válidos em cada uma delas.
Diante do desafio, o presidente do Novo em Minas afirma que o partido já iniciou a formação de candidatos ao Parlamento em todos os estados do país. O propósito, segundo ele, é conseguir eleger ao menos 15 deputados federais em 2026, dois a mais que o mínimo para alcançar a cláusula de desempenho. Desse total, Laguna projeta três eleitos por Minas.
“A candidatura de Zema à Presidência será fundamental para a consolidação do Novo em 2026. Ao mesmo tempo que as candidaturas a deputado estadual e federal nos ajudarão a construir uma base de apoio para fortalecer a campanha dele em outros Estados, o Zema também é um cabo eleitoral muito importante para alcançarmos a cláusula de barreira”, defende Laguna.
O dirigente lembra que, em 2018, ano em que o Novo estreou nas eleições, o partido elegeu oito deputados federais, na esteira do desempenho da campanha à Presidência de João Amoêdo, que terminou o pleito em 5° lugar, com 2,5% dos votos. Em 2022, porém, Laguna avalia que a performance de Felipe D’Ávila na corrida pelo Planalto (0,47% dos votos) acabou impactando negativamente também as candidaturas para o Legislativo.
Agora, Laguna diz manifestar otimismo com pesquisas recentes, embora o governador apareça com percentuais entre 4% e 7%, a depender dos outros nomes testados pelos levantamentos.
Marqueteiro aponta necessidade de formação de alianças
Para Acácio Veras, especialista em marketing político, ter Zema como cabo eleitoral pode de fato ajudar o Novo na corrida pelo Legislativo. Porém, na avaliação dele, o partido deve se concentrar agora em formar alianças. Procurado para comentar as costuras com outras siglas para apoio à candidatura de Zema, o presidente nacional do Novo, Eduardo Ribeiro, não respondeu. “Sem alianças, lograr êxito nessa campanha será uma missão impossível”, alerta Veras.