Representantes da prefeitura de Belo Horizonte, vereadores e movimentos sociais se reuniram nesta segunda-feira (25/8) para discutir o projeto de lei da Tarifa Zero, que prevê a gratuidade no transporte coletivo da capital. A proposta, que já tramita na Câmara Municipal, conta com apoio da maioria dos parlamentares. Porém, ainda encontra resistências no Executivo municipal.
Segundo os participantes, a administração municipal não tem posição definitiva sobre o tema, mas demonstrou disposição em manter o diálogo e avaliar alternativas para o financiamento do sistema.
“Segue o esforço. O transporte público é um problema complexo que não se resolve com soluções simples. E a busca por construir uma solução coletiva entre Legislativo, Executivo e sociedade civil é a única forma de tratar esse problema”, afirmou o urbanista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Roberto Andrés, defensor da proposta em Belo Horizonte.
De acordo com ele, houve sinalização da prefeitura sobre a necessidade de rever o modelo atual de subsídios às empresas de ônibus, que somam cerca de R$ 800 milhões por ano. “O que ficou evidente da reunião é que a PBH não tem nenhuma proposta para melhorar o transporte público. A única alternativa na mesa é o PL da Tarifa Zero”, completou.
A reunião durou cerca de três horas e contou com a presença de membros do alto escalão da administração municipal, como o secretário de Governo, Guilherme Daltro; o secretário de Fazenda, Pedro Meneguetti; e o secretário de Mobilidade Urbana, Guilherme Willer. Os participantes relataram que puderam se manifestar livremente e classificaram o encontro como positivo.
A vereadora Iza Lourença (PSOL), que encabeça a lista de assinaturas do projeto no Legislativo, que pode ser votado em outubro, destacou que dúvidas sobre os custos do sistema foram esclarecidas e reforçou a importância de manter o debate.
“O subsídio que a prefeitura já dá para as empresas de ônibus já é a terceira maior despesa do município, e ainda é combinado com uma tarifa alta, a terceira maior entre as capitais do Brasil. O secretário de Fazenda falou que também está preocupado e que considera insustentável esse modelo de financiamento. Então, nós ficamos de seguir aprofundando o debate sobre o novo modelo de financiamento”, disse a vereadora.
Wagner Ferreira (PV), outro vereador que participou do evento, avaliou que a falta de definição da prefeitura ainda é um entrave, mas considerou o espaço de diálogo como um avanço.
“A prefeitura ainda não se posicionou nem a favor e nem contra a proposta de forma categórica. Então, foi uma reunião que infelizmente não teve um posicionamento. Mas as portas ali ficaram abertas para seguir no debate e os vereadores avaliam isso como positivo”, afirmou. “A escuta da prefeitura tem um mérito que merece ser reconhecido”, concluiu.
A prefeitura foi questionada sobre os próximos passos, mas não se manifestou até o fechamento desta edição.