O cantor e compositor Milton Nascimento, que nos últimos dias ganhou as manchetes ao levar o Cruzeiro na justiça por usar uma música sem autorização durante apresentação do atacante Gabigol, pode virar o mais novo cidadão honorário de Belo Horizonte. A proposta foi apresentada pelo vereador Bruno Pedralva (PT) e está prevista para acontecer no dia 16 de setembro, às 17h, na Câmara Municipal.

Milton Nascimento é um dos músicos do “Clube da Esquina”, álbum lançado em 1972, que virou sinônimo do movimento cultural surgido nas ruas de Belo Horizonte e que se tornou um dos principais símbolos artísticos da capital mineira. Além de Bituca, apelido de Milton Nascimento, outros nomes importantes da música brasileira também tem suas raízes no “Clube”, entre eles Lô Borges, Márcio Borges, Toninho Horta, Beto Guedes, Tavito, Wagner Tiso e Fernando Brant, entre outros.

Para o vereador, autor da proposta, a história de Milton Nascimento com a capital mineira justifica a homenagem ao artista, natural do Rio de Janeiro. “O Milton tem um legado que transcende fronteiras, unindo gerações em torno de uma arte que combina raízes mineiras, resistência política e inovação musical. Junto ao movimento Clube da Esquina, que teve o bairro Santa Teresa como referência, ele garantiu - em sua voz e canções - visibilidade e reconhecimento para a cultura belo-horizontina e mineira”, justifica o parlamentar. 

Milton deve ingressar em uma lista de personalidades que já foram agraciadas com o título de cidadão honorário. Entre elas os jogadores Roger Flores e Ronaldinho Gaúcho, entre tantos outros esportistas e figuras do futebol; os cantores da dupla César Menotti e Fabiano, o Jornalista Chico Pinheiro, e uma longa lista de políticos brasileiros.

O Título de Cidadania Honorária de Belo Horizonte é concedido pela Câmara Municipal de BH, conforme a Resolução nº 1778 de 3 de abril de 1992. A honraria tem o objetivo de distinguir pessoas naturais, não nascidas em Belo Horizonte, que tenham prestado relevantes serviços à cidade ou praticado gestos beneméritos, de abnegação, sacrifício ou heroísmo no município. 

Treta com o Cruzeiro

Milton Nascimento é cruzeirense, mas isso não impediu que ele levasse o clube à justiça cobrando pelos direitos autorais em uma canção de sua autoria utilizada na apresentação do atacante Gabriel Barbosa, o “Gabigol”. 

Milton e os irmãos Borges pedem, cada um, R$ 50 mil pelo uso indevido da faixa. O processo foi aberto na 1ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.

O Cruzeiro se manifestou no sábado (2/8) sobre a situação. Em nota enviada a O TEMPO Sports, o clube celeste informa que não recebeu qualquer citação referente ao processo mencionado e desconhece o exato teor da demanda. “Contudo, o clube esclarece que recebeu uma notificação extrajudicial, há aproximadamente seis meses, com alegação de violação de direitos autorais por ter compartilhado, em colaboração, um vídeo divulgado na página pessoal do atleta Gabriel Barbosa”, diz o comunicado.

O clube também afirma que se posicionou contrário à notificação, “uma vez que não houve qualquer violação autoral por parte do clube, que apenas compartilhou, em formato collab, o vídeo postado pelo atleta, que continha fundo musical extraído da galeria musical do instagram, disponibilizada pela plataforma digital a todos os usuários, com a referência clara aos criadores musicais ao longo de toda a sua exibição”.

Milton Nascimento, em nota divulgada por sua equipe, justificou a cobrança e explicou que música é a fonte de sustento e produto de seu trabalho. Ele ainda destacou que o direto é previsto e deve ser cobrado. "Imagine se alguém entrasse no supermercado do dono do clube, pegasse os produtos das prateleiras e, ao chegar, no caixa, solicitasse, os itens gratuitamente, por amor ao time. Seria aceito?", avalia.