O cantor Milton Nascimento divulgou, na manhã deste domingo (3/8), um pronunciamento sobre a ação em que ele, a gravadora Sony Music e os cantores Lô Borges e Márcio Borges moveram contra o Cruzeiro. A justiça foi acionada após os artistas alegarem que o clube mineiro fez o uso não autorizado da canção “Clube da Esquina nº 2”, utilizada no vídeo promocional que anuncia a contratação do atacante Gabigol, publicado nas redes do jogador e do clube nos primeiros minutos do dia 1° de janeiro deste ano.
Nas redes sociais, Milton Nascimento, por meio de sua equipe, disse que a canção foi utilizada de forma totalmente promocional, sem qualquer autorização ou diálogo prévio, o que configura violação direta da Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998).
"Reiteramos que a música é trabalho, é sustento, é propriedade intelectual. Assim como um jogador de futebol é remunerado por seu ofício, compositores e artistas também têm o direito de decidir quando, como e por quem suas obras podem ser usadas. Em casos assim, é necessário separar a idolatria e se entender que o clube, para além do sentimento, é uma empresa/marca, que visa e tem lucros. A música para além do entretenimento que gera, é um trabalho sério, um patrimônio do autor e fonte de renda, disse."
'Dificuldade de compreender a música como profissão'
No pronunciamento, Milton disse que existe uma dificuldade, por parte de muitos, para entender a música como uma profissão. Ele ainda fez uma analogia em relação à uma grande rede de supermercados que pertence ao dono do clube. "Para tornar mais clara essa lógica, imagine se alguém entrasse no supermercado do dono do clube, pegasse os produtos das prateleiras e, ao chegar, no caixa, solicitasse, os itens gratuitamente, por amor ao time. Seria aceito?", ressaltou.
'Ódio destilado contra Milton nas redes'
Outro ponto mencionado pelo cantor no pronunciamento foi sobre o ódio destilado nas redes sociais, com ataques etaristas e ofensivos que, segundo ele, nada têm a ver com o mérito da questão. "Comentários criminosos estão sendo registrados e medidas legais serão tomadas individualmente. A internet não é terra sem lei. Essa não é uma briga por dinheiro. É uma defesa legítima do trabalho artístico, do direito autoral e do respeito à profissão", pontuou Nascimento.
O que diz o Cruzeiro?
Em nota enviada a O TEMPO Sports, o clube celeste informa que não recebeu qualquer citação referente ao processo mencionado e desconhece o exato teor da demanda. “Contudo, o clube esclarece que recebeu uma notificação extrajudicial, há aproximadamente seis meses, com alegação de violação de direitos autorais por ter compartilhado, em colaboração, um vídeo divulgado na página pessoal do atleta Gabriel Barbosa”, diz o comunicado.
O clube também afirma que se posicionou contrário à notificação, “uma vez que não houve qualquer violação autoral por parte do clube, que apenas compartilhou, em formato collab, o vídeo postado pelo atleta, que continha fundo musical extraído da galeria musical do instagram, disponibilizada pela plataforma digital a todos os usuários, com a referência clara aos criadores musicais ao longo de toda a sua exibição”.
O Cruzeiro também ressaltou que a publicação do vídeo foi de cunho editorial e também uma forma de homenagem a Milton, que é torcedor da Raposa.
Leia a nota do Cruzeiro Esporte Clube na íntegra:
"O Cruzeiro informa que não recebeu qualquer citação referente ao processo mencionado na reportagem, portanto, desconhece o exato teor da demanda. Contudo, o clube esclarece que recebeu uma notificação extrajudicial, há aproximadamente seis meses, com alegação de violação de direitos autorais por ter compartilhado, em colaboração, um vídeo divulgado na página pessoal do atleta Gabriel Barbosa.
Em resposta, o Cruzeiro se posicionou contrário à notificação, uma vez que não houve qualquer violação autoral por parte do clube, que apenas compartilhou, em formato collab, o vídeo postado pelo atleta, que continha fundo musical extraído da galeria musical do instagram, disponibilizada pela plataforma digital a todos os usuários, com a referência clara aos criadores musicais ao longo de toda a sua exibição.
O compartilhamento da postagem pelo Cruzeiro foi apenas de cunho editorial, até como uma forma de homenagem ao artista que, em inúmeras ocasiões, declarou ser torcedor do clube, sem qualquer edição adicional que justifique violação autoral ou qualquer intuito de exploração da obra musical."