MEIO AMBIENTE

Ambientalistas apresentam plano para reverter 'legado tóxico' de Bolsonaro

Especialistas de 73 organizações que integram o Observatório do Clima formularam propostas para os presidenciáveis, com exceção de Jair Bolsonaro

Por Luana Melody Brasil
Publicado em 19 de maio de 2022 | 18:59
 
 
 
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Ambientalistas das 73 organizações que compõem o Observatório do Clima se reuniram em um hotel de Brasília, próximo ao Palácio da Alvorada (residência presidencial), nesta quinta-feira (19), para apresentar propostas de mudanças para reverter o que consideram um "legado tóxico" da política ambiental do governo de Jair Bolsonaro (PL). 

Entre as 74 propostas presentes no primeiro volume do "Brasil 2045: Construindo uma potência ambiental", está o "revogaço" de mais de 100 medidas implementadas na atual gestão. O ano de 2045 é tido como uma meta de alguns países para zerar as emissões de gases que intensificam as mudanças climáticas.

"Tem que pensar exatamente no que dá para fazer, e tem como fazer, avançar. Mas nós temos que dizer exatamente o que tem que ser feito e o que tem que ser colocado no lugar, porque grandes revogaços deixam grandes lacunas", destacou em discurso no evento Suely Araújo, organizadora da obra e especialista sênior em políticas públicas do Observatório do Clima.

Segundo Suely, será formulado um segundo volume do projeto "Brasil 2045", que também será construído coletivamente. Além das entidades integrantes do Observatório do Clima, estavam presentes no evento representantes das embaixadas da França, Noruega, Suécia, Uruguai, Espanha e Chile.

Também compareceram autoridades da União Europeia e das organizações: FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID),Organização dos Estados Americanos (OEA), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), entre outras.

 

Dentre as propostas, há 62 medidas consideradas emergenciais para serem adotadas nos primeiros 100 dias de governo tendo como objetivo transformar o Brasil num país onde há "carbonização reversa", que é quando se retira mais gases de efeito estufa da atmosfera do que emite, tornando-se negativo nessa emissão. 

Outra medida considerada emergencial pelo Observatório do Clima é a retirada imediata dos mais de 20 mil garimpeiros que invadem terras indígenas, em especial a Yanomami. Há também a retirada de pauta do Projeto de Lei nº 191, que autoriza garimpo em territórios indígenas, além de medidas para combater o desmatamento. As propostas serão entregues aos presidenciáveis, excluindo Bolsonaro, que vai tentar a reeleição.

“A principal mensagem desse processo é que o Brasil está pronto para voltar a assumir o protagonismo que nunca deveria ter perdido na agenda de clima e olhar para o futuro mais uma vez, enquanto país”, afirma Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, que abriu os discursos do evento.

“O Brasil é maior do que o governo Bolsonaro, e em breve iremos reverter o período sombrio que atravessamos. Temos fundamentos sólidos para a reconstrução da agenda ambiental, e eles passam por uma sociedade civil ativa, pela ciência e pelo conhecimento dos povos tradicionais – que, nos últimos quatro anos, mais uma vez, mostraram o caminho da resistência e da civilização”, completa Astrini.

Autoridades do governo Bolsonaro admitem que o desmatamento é um dos principais problemas enfrentados pelo país na área ambiental. Em 9 de maio, o vice-presidente Hamilton Mourão considerou que os dados de desmatamento são "péssimos e horrorosos". 

Nessa mesma linha, após ter participado da Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP26), em novembro de 2021, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, declarou que "nossa principal fragilidade é no desmatamento". 

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