O fundador e ex-presidente do Partido Novo, João Amoêdo, que deixou o comando da legenda no ano passado, criticou o governador de Minas, Romeu Zema, principal nome de sua sigla, por ter proposto um reajuste de 41,7% para os servidores da segurança pública. Embora tenha destacado que o correligionário faz um bom governo, o ex-banqueiro afirmou que está claro que o reajuste não é suportado pelos cofres estaduais.
"O partido separa muito a gestão a atuação partidária e a gestão pública. Mas o entendimento do Novo, que tem uma preocupação muito grande com responsabilidade fiscal, é que houve um erro que foi depois exacerbado com os aumentos das outras áreas. Apesar de ele estar fazendo um bom governo, houve um erro do Zema ali", disse Amoêdo, em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo".
Segundo ele, o ideal seria lidar de outra forma com a pressão de setores ligados às polícias. "(Deveria ter havido) uma negociação que não tivesse aumento ou que tivesse aumento muito pequeno. Com as contas como estavam, não faria sentido dar aumento", completou.
Procurado para comentar a fala de João Amoêdo, o governo de Minas informou que Romeu Zema não vai se manifestar.
Outros pontos
Além das questões relacionadas ao partido, Amoêdo também tratou de outras temáticas da política. Ele criticou o presidente Jair Bolsonaro, mas disse não ter se arrependido de ter votado nele.
"Votei contra o PT. Não me arrependi porque não tinha opção. Achava pior votar nulo ou no PT. Não me surpreende a falta de capacidade administrativa dele, dado o histórico de 28 anos no Congresso", disse Zema que, na questão anterior, já havia apontado pontos negativos no discurso do presidente.
"A pessoa, quando está no cargo de presidente, tem que ter muito cuidado com o que fala e posta. Esse posicionamento do presidente está muito em linha com outras coisas que eles têm feito que têm dificultado a aprovação das reformas. Bolsonaro fala mais da carteira da UNE do que da reforma administrativa, trata a imprensa sem profissionalismo, cria polêmicas, traz o entorno dos filhos para participar de decisões importantes. Tudo isso mostra um certo desprezo pela instituição do cargo. No fundo, ele está mantendo o grupo que o apoiará para estar no segundo turno em 2022. Eu no lugar dele mudaria esse roteiro. Trocaria o ministro da Educação", exemplificou Zema.