O governador Romeu Zema (Novo) tem data marcada – 4 de abril de 2026 – para decidir se banca sua mais ambiciosa, e também arriscada, aposta desde que se tornou o chefe do Poder Executivo de Minas Gerais, competindo por um partido sem tradição contra políticos tarimbados na eleição de 2018.
À época, Zema terminou o primeiro turno na frente, indo para a segunda etapa de votação contra o então senador Antonio Anastasia (PSDB), hoje ministro do Tribunal de Contas da União, e deixando em terceiro lugar o governador do Estado, Fernando Pimentel (PT). Na etapa final de votação, Zema bateu o tucano com mais de 70% dos votos válidos.
Depois de conquistar a reeleição em 2022 no primeiro turno, Zema já avisou que pretende deixar o cargo em 2026 e mergulhar nas articulações para as eleições, quando serão disputados os cargos de presidente da República, governador, duas vagas para o Senado, deputados federais e estaduais.
Pela regra eleitoral, Zema, para ter o nome nas urnas em 2026, precisa se desincompatibilizar até 4 de abril, seis meses antes da eleição, que ocorrerá no dia 4 de outubro, o primeiro domingo do mês. O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões (Novo), nome defendido por Zema para a sua sucessão, afirma que a tacada do governador terá função dupla, por envolver também a disputa pelo Palácio Tiradentes.
“O governador tem falado na decisão dele de se dedicar ao pleito federal, para a eleição de um candidato a presidente de centro-direita, e também na eleição do sucessor dele em Minas, dizendo que, para isso, seria melhor sair em março de 2026. Não é propriamente um compromisso, mas um anúncio de intenção”, diz Simões.
A batalha de Zema em 2026, portanto, terá duas frentes, algo temido por qualquer estrategista militar. Uma, a de fazer seu sucessor em Minas. A outra, de se viabilizar como candidato a presidente, topar compor uma chapa como vice, ou entrar na disputa por vaga no Senado.
Zema, no discurso da vitória pelo seu segundo mandato, em 2022, não escondeu o desejo de virar presidente da República. Ao ouvir gritos de “presidente”, no comitê do partido, respondeu: “Se fizermos uma boa gestão, porque não”? Ao longo do tempo, porém, foi modulando o discurso, já chegando a descartar a candidatura ao Planalto, afirmando apenas que apoiará um nome da direita.
Minas Gerais já teve uma experiência semelhante à que Zema está prestes a provar. Em 2010, o então governador Aécio Neves (PSDB) deixou o cargo para se dedicar às articulações que o poderiam levar a uma candidatura à Presidência. Foi derrotado dentro do partido pelo então senador José Serra (PSDB-SP), que disputou e perdeu a eleição contra Dilma Rousseff (PT).
Em Minas Gerais, o governador já tenta preparar o terreno para manter seu grupo no Palácio Tiradentes. Mateus Simões foi colocado como principal articulador político de Zema, rodando o Estado e se encontrando com prefeitos e empresários, além de ser o coordenador do secretariado.
Em relação à sua outra frente de batalha, Zema, dentro do Novo, não tem rivais. É o principal expoente do partido, por governar o segundo Estado mais importante do país. Terá, porém, que se entender com outros possíveis nomes na disputa para a Presidência, como o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União).