Apesar de o reajuste do piso e do teto do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg) ter sido aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a postura de deputados estaduais da própria base irritou o governo Romeu Zema (Novo). Embora tenham declarado presença, dez parlamentares se ausentaram quando o Projeto de Lei (PL) 2.238/2024 foi aprovado, nessa quarta-feira (4 de dezembro), em 2º turno.

Estão entre os deputados os vice-líderes do governo Douglas Melo (PSD) e Zé Laviola (Novo) e o vice-líder do bloco do governo Fábio Avelar (Avante). Além dos três, Charles Santos (Republicanos), Delegada Sheila (PL), Delegado Christiano Xavier (PSD), Leandro Genaro (PSD), Mauro Tramonte (Republicanos), Leonídio Bouças (PSDB) e Rodrigo Lopes (União) não votaram. Em 1º turno, Douglas, Charles, Leonídio, Tramonte e Sheila já não haviam votado.

O Aparte apurou que a ausência dos deputados irritou o governo Zema em razão da queda do placar entre o 1º e o 2º turno. Na última semana, quando o reajuste do piso e do teto de contribuição ao Ipsemg foi aprovado pela primeira vez, a margem do Palácio Tiradentes foi de 23 votos, com 43 favoráveis e 20 contrários. Nessa quarta, a margem foi de 12, com 36 votos favoráveis e 24 contrários. A diferença caiu em 11 votos.

Caso os 24 deputados contrários ao reajuste do piso e do teto do Ipsemg em 2º turno tivessem deixado o plenário para obstruir a votação, a reunião seria derrubada e a proposta, adiada. O quórum de 35 parlamentares favoráveis ao texto seria insuficiente para manter a sessão de pé, já que é necessário, no mínimo, 39 presentes para votação.

Questionado, Charles justificou que atendia uma pessoa no próprio gabinete durante a votação do PL 2.238/2024. “Tinha uma pessoa lá no gabinete há mais ou menos 30 minutos. Quando vi que dois deputados se inscreveram (para encaminhar o voto), pensei que (a votação) ia tardar mais um pouco e subi para o gabinete. Quando voltei, não tinha mais tempo para registrar o voto. O meu posicionamento seria com o governo”, defende o parlamentar.

Já Avelar disse que estava ausente porque tinha uma audiência com os secretários de Infraestrutura e Mobilidade, Pedro Bruno, e de Saúde, Fábio Baccheretti, na Cidade Administrativa, a partir das 15h30. “Ninguém me ligou questionando por que não votei. Se estão irritados com alguém que não votou, é com alguém que entraram em contato. Comigo não entraram em contato. Se eu estivesse lá, teria votado que nem no 1º turno”, afirmou ele, que votou a favor do reajuste do Ipsemg antes.

Lopes, que disse que votaria a favor da proposta, explicou que acompanhava prefeitos de suas bases eleitorais em uma agenda com Baccheretti na Cidade Administrativa. “Cometi um erro, pois calculei que a oposição obstruiria e votaríamos hoje (5 de dezembro). Acabou que, pela importância da reunião para a região onde tenho oito prefeitos eleitos, me desloquei até à Cidade Administrativa. Quando fui informado que o projeto seria votado, não havia mais tempo hábil para me deslocar”, pontuou ele.   

Laviola apontou que deixou a ALMG a tempo de pegar um vôo para participar da 27ª Conferência da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (Unale), no Rio de Janeiro. “Ontem, registrei presença no plenário e saí a tempo de pegar o vôo para participar da 27ª Conferência da Unale, uma vez que faço parte da diretoria da mesma. Minha vinda foi conversada e alinhada com os líderes. No meu caso, foi esse o motivo”, justificou o deputado.

Também procurados, Douglas, Sheila, Xavier, Genaro, Tramonte e Leonídio não responderam até a publicação desta reportagem. O líder do governo Zema, João Magalhães (MDB), também não atendeu às tentativas de contato. Tão logo se manifestem, o posicionamento será acrescentado na matéria. O espaço segue aberto.