O senador Carlos Viana (Podemos-MG) voltou a ser âncora de um programa de televisão depois de sete anos fora do ar. Ele deixou as telinhas em junho de 2018, quando se licenciou para disputar o pleito para senador, e nunca havia voltado. Agora, no ano que antecede as eleições de 2026 - nas quais já manifestou interesse em buscar a reeleição e até mencionou a possibilidade de concorrer ao governo de Minas -, Viana retomou sua presença fixa na TV. A estreia foi na segunda-feira (16 de junho), na TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais.
O programa vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 13h20 às 13h45. Segundo a assessoria de Viana, o senador apresentará o programa de um estúdio em Brasília (DF), cidade-sede do Senado. Já nos dias em que estiver cumprindo agenda em Belo Horizonte, o parlamentar comandará o programa dos estúdios da emissora. A atração é o “Alterosa Urgente”, que afirma ter foco em prestação de serviço, participação popular e informação geral.
Viana não é exceção entre políticos que começaram a apresentar programas de televisão e rádio neste ano. O jornalista Eduardo Costa, que já manifestou a O TEMPO interesse em se candidatar ao Senado, foi contratado pela TV Alterosa em fevereiro de 2025 para apresentar o “Alterosa Agora”. Em abril, passou a fazer participações também no “Jornal da Alterosa”, principal telejornal da emissora, exibido às 19h30.
Na Record Minas, o secretário de Estado de Governo de Romeu Zema, Marcelo Aro (PP), estreou em abril um quadro chamado Blitz Record, cuja proposta é auxiliar telespectadores a resolverem desavenças comerciais. Ocupando um dos cargos mais altos do Executivo mineiro, Aro aparece em lojas discutindo com comerciantes em nome dos consumidores. Ele tem interesse em se candidatar ao Senado depois de não ter conseguido se eleger para o mesmo cargo em 2022, quando foi o terceiro mais votado em Minas, com 19,68% dos votos válidos.
Já o ex-vereador Gabriel Azevedo (MDB) passou a atuar em duas rádios em abril deste ano. Na BandNews FM, estreou a coluna “Cidade em Movimento”, dedicada a discutir desafios e soluções para a urbanização do país. Na rádio Itatiaia, passou a apresentar a coluna “Cara da Cidade”, com curiosidades sobre o espaço urbano, e fazer comentários no programa “Chamada Geral”. Em quarto lugar na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte em 2024, com 10,55% dos votos válidos, ele já se coloca como pré-candidato a prefeito da capital.
Doutor em Ciências Sociais e coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas, Robson Sávio destaca que o uso da mídia tradicional como palco para propaganda e visibilidade de políticos não é novidade em Minas Gerais e observa que “geralmente os programas têm um apelo populista”, o que aumentar o nível de fidelização.
Ele ainda pondera que há uma troca entre quem busca visibilidade e quem oferece espaço. “Há um jogo de interesses que articula tanto políticos que querem utilizar meios de comunicação para aumentar visibilidade, engajamento, fidelização, como os meios de comunicação que oferecem esses espaços e que disputam interesses políticos, ideológicos, religiosos e até econômicos dentro do nosso estado. Então, nada disso é, digamos assim, fortuito, mas está marcado por interesses de ambas as partes”.