Após polêmica com adesivos LGBT+, secretária deixa cargo na Prefeitura de BH

A secretária de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania da Prefeitura de Belo Horizonte, Rosilene Rocha, pediu exoneração do cargo. A saída dela deve ser publicada no “Diário Oficial do Município” (“DOM”) nos próximos dias. O estopim da insatisfação da gestora com a administração municipal teria sido, segundo interlocutores, a conduta prefeitura em ceder à pressão de deputados e vereadores de direita contra a identidade visual do Centro de Referência LGBT+, localizado na região central da capital. 

Conforme publicado por O TEMPO, a PBH removeu a decoração com as cores do arco-íris e a palavra “Bem-vindes” na entrada do local depois que parlamentares criticaram a ação. Nesta segunda-feira (26), durante o evento de lançamento de pré-candidatura à reeleição, o prefeito Fuad Noman (PSD) alegou que a mudança não teria tido nenhuma relação com pressão de movimentos de direita. Segundo ele, uma das diretrizes da PBH é não colocar elementos visuais na portaria de órgãos públicos. 

“A prefeitura em lugar nenhum, em nenhuma das outras unidades, tem faixa representativa de nenhuma associação. Então, eu espero que entendam que o fato da gente retirar aquela faixa não quer dizer que nós tenhamos reduzido a importância. Ter uma faixa ou não, não muda o conceito da prefeitura, não muda o conceito do prefeito, não muda o respeito que eu tenho pela comunidade. Eu espero que entendam que a cidade é uma cidade inclusiva de um conjunto de outras forças, inclusive deles. A comunidade é bem-vinda, nós gostamos de trabalhar com eles, gostamos de protegê-los, gostamos de fazer todo o processo para tê-los em boa convivência com o Belo Horizonte”, argumentou Fuad. 

Mais mudanças. À frente da pasta desde 2022, quando a ex-secretária Maíra Colares deixou o posto, Rosilene não deve ser a única secretária a sair da prefeitura. O secretário de Meio Ambiente, Zé Reis, também já vem anunciando a aliados que deve sair do posto em breve para disputar a Prefeitura de Januária, no Norte de Minas. 

A atuação do secretário na região, inclusive, tem causado insatisfação em servidores do Executivo municipal, que acreditam que ele estaria deixando a gestão da pasta em segundo plano para se promover junto a prefeitos e eleitores das cidades onde ele mantém base eleitoral.

Entre as reclamações listadas pelos servidores da pasta está o uso de assessores nomeados pelo secretário e que seriam utilizados para fazer promoção pessoal do gestor em vez de trabalhar para projetos da secretaria. 

Nas redes sociais, o secretário continua também utilizando seu slogan de campanha quando tentava se reeleger deputado em 2022: “Gente que Vale”.

A reportagem de O TEMPO entrou em contato com prefeitura de PBH e com o secretário Zé Reis, e aguarda um posicionamento. (Letícia Fontes)