DESFILIAÇÕES

Divergências com Alckmin e filiação de deputado implodem PSB em Minas

Chegada de Noraldino Júnior desagrada cúpula mais à esquerda da legenda. Então presidente da sigla em Minas, ex-deputado Mário Assad Júnior se desligou

Por Gabriel Ronan
Publicado em 04 de outubro de 2023 | 11:20
 
 
 
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Crise no PSB em Minas Gerais. A filiação do deputado estadual Noraldino Júnior à legenda caiu como uma bomba nos corredores do diretório, o que motivou, só nos últimos dias, as desfiliações de três lideranças da sigla no estado. Já deixaram a agremiação o então presidente do PSB mineiro e ex-deputado federal Mário Assad Júnior; Rodrigo Célio de Castro, filho do ex-prefeito de BH; e a prefeita de Lavras, no Sul de Minas, Jussara Menicucci. 

Com a saída de Mário Assad Júnior, o recém-chegado Noraldino Júnior assumiu a presidência do PSB em Minas. A ida dele para a legenda, segundo fontes, teve o vice-presidente da República Geraldo Alckmin (PSB) como articulador. As conversas partiram de Alckmin com a chancela do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) e ex-governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia. Os dois eram próximos nos tempos de PSDB.

Outro nome que deve migrar ao PSB em breve é o do deputado federal por Minas Igor Timo, atualmente no Podemos. Fontes informaram à coluna Aparte que apenas trâmites burocráticos separam a filiação dele. Timo é um dos vice-líderes do governo Lula (PT) na Câmara dos Deputados hoje, portanto é mais um nome próximo, ainda que indiretamente, a Alckmin. 

Internamente, os movimentos foram vistos como uma interferência além da conta por parte da executiva nacional do PSB, hoje comandada por Carlos Siqueira, sobre o diretório de Minas Gerais. Principalmente, porque os nomes recém-filiados são, historicamente, mais alinhados à direita. 

Em conversa com a reportagem, Mário Assad Júnior confirmou o descontentamento. “O Noraldino é um deputado ligado às mineradoras. Já assinou emendas nesse sentido. O PSB nunca foi o partido das mineradoras. Sempre foi o partido da sustentabilidade, do verde. Se eles quisessem a presidência do partido, eu daria sem problemas. Mas, houve um distanciamento grande. Não dava para continuar”, disse. 

O ex-deputado ainda não decidiu para qual partido irá, mas afirma ter recebido três convites até o momento: PSD, Rede e PCdoB. Pelo que apurou a reportagem com outras fontes, Assad está mais disposto a aceitar a proposta da Rede, apesar do ex-parlamentar negar qualquer preferência no momento. 

Filho de ex-prefeito escreve carta

Em nota publicada no Instagram, Rodrigo Célio de Castro justificou sua saída do PSB por uma “completa desconfiguração ideológica” da legenda. “Somado à negativa de diálogo do novo presidente estadual da sigla (o deputado estadual Noraldino Júnior), representando inexistente respeito ao legado dos que um dia lideraram o partido, e aos que hoje também o administram ou fazem a co-gestão, declaro minha desfiliação”, escreveu. 

Possível candidatura se mantém

Por outro lado, há quem fique no PSB mesmo com as recentes mudanças. Um dos que permanece é o ex-vice-governador de Minas Gerais Paulo Brant. Ele, que se diz candidato à Prefeitura de BH no ano que vem, está mais alinhado a Geraldo Alckmin, até por ser um antigo quadro do PSDB. 

Segundo fontes internas do PSB, os planos de candidatura de Brant estão mantidos por ora. A visão nos corredores da legenda é que, até mesmo por sua posição política, Brant veja os últimos movimentos com indiferença na caminhada até a campanha em BH. 

Outras lideranças também permanecem no PSB de Minas, como o ex-prefeito de BH Marcio Lacerda e o ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe. Como mostrou a coluna em agosto, Lacerda, inclusive, voltou a frequentar a política interna da sigla nos últimos tempos, algo que não acontecia desde sua saída da prefeitura. 

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