Um dia após retirar de tramitação o projeto de lei que cria o Auxílio Belo Horizonte, o líder de governo na Câmara Municipal, Léo Burguês (PSL), mostrou seus cálculos na sessão plenária de ontem sobre a emenda apresentada por mais de 20 vereadores à proposta e contestou os números dos colegas. 

Pelo substitutivo apresentado, a majoração do benefício resultaria em R$ 60 milhões, mas números divulgados pela liderança de governo indicam que o valor seria de R$ 137 milhões. Alguns vereadores rebateram a apresentação de Burguês, o que acabou em insultos até à família de uma parlamentar.

Logo após os dados serem expostos, a vereadora Marcela Trópia (Novo) afirmou que todos tinham presenciado um “teatro” e que Burguês suspendeu a tramitação porque foi pego “com as calças na mão” por não ter participado das reuniões que definiram o texto substitutivo. 

Outros parlamentares endossaram a crítica à liderança de governo pela suspeição. A vereadora Bella Gonçalves (PSOL) questionou o cálculo demonstrado, já que a emenda foi elaborada com base em dados divulgados pelo Executivo na apresentação do projeto. 

Durante as falas, Burguês tentou utilizar o artigo de explicação pessoal para rebater críticas, mas o pedido foi negado pela presidente Nely Aquino (Podemos).

O líder voltou a falar depois e rebateu a parlamentar do Novo e insultou a família dela.

“Não sei como foi a educação que ela teve, mas meu pai e minha mãe me ensinaram a não ir em lugar que não sou convidado. Quando eu não for convidado, para algo que não é regimental, não baterei em porta, não chutarei porta da presidência. Sempre que eu não for convidado, ou qualquer outro vice-líder, nós não iremos pela educação que foi dada na minha casa. Diferente da educação que foi dada na casa da Marcela. E não chamei vereador de ‘demagogo’, se achou isso, talvez a carapuça serviu, às vezes a carapucinha serviu na senhora”, disparou.

Clima quente

Marcela declarou que o valor originalmente proposto não é de Burguês e do prefeito, mas do cidadão da capital. “Sobre a educação que recebi, não vou nem comentar. Se não é capaz de me respeitar, que respeite a minha mãe, que não precisa ouvir isso aos seus 63 anos. Por último, não participou porque não quis”, respondeu.

A discussão chegou também à presidente da Câmara. Nely Aquino criticou as adjetivações dadas pelo líder de governo, em referência à entrevista que ele deu a O TEMPO na quarta-feira, em que chamou a emenda de “demagoga”.

A presidente disse que não tem como ser “babá de vereador” e ligar para cada político e que não é necessário chutar a porta da presidência porque “ela sempre fica escancarada”.

Ao subir o tom, Nely pediu que a Casa não deixe o tema passar deste mês e que o projeto seja votado o quanto antes.