Briga poítica

Presidente da Câmara acusa prefeito de atentado a tiros em Ubaporanga

Prefeito nega e diz que o vereador está apresentando falsas acusações contra ele porque é pré-candidato à prefeitura da cidade

Por Thaís Mota
Publicado em 21 de maio de 2020 | 14:45
 
 
 
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O presidente da Câmara Municipal de Ubaporanga, no Vale do Rio Doce, e pré-candidato a prefeito da cidade, Jorginho Rodrigues (PV), foi vítima de um atentado na noite da última quarta-feira (20). Ele diz ter sido perseguido por cinco pessoas em dois veículos e garante ter sido alvo de tiros disparados contra o carro que ele dirigia. Entre os suspeitos, o parlamentar aponta o prefeito Gilmar Assis (Cidadania) e dois irmãos dele.

“Ontem, por volta de 22h15, eu chegando na cidade liguei pra minha esposa pra saber se tinha algum carro estranho parado próximo e, então, me dirigi diretamente para a casa. Mas, ao passar pela avenida, eu me deparei com o prefeito parado em seu carro e ele começou a me perseguir”, disse . 

Ao perceber, ele diz ter voltado à avenida principal, onde dois irmãos do prefeito e outras duas pessoas também passaram a seguí-lo em alta velocidade. “Eu consegui acelerar, e o prefeito no carro da prefeitura me seguindo pela cidade em alta velocidade e os outros em outro carro tentando me fechar na rua e jogando o carro para cima de mim. Depois, já na saída da cidade, na BR-116, eles efetuaram vários disparos contra o carro, mas graças a Deus nenhum deles me atingiu”.

Rodrigues dirigiu até a cidade de Caratinga, na mesma região, onde registrou um boletim de ocorrência junto à Polícia Militar (PM) por ameaça, disparo de arma de fogo e dano ao veículo. Também no BO, consta como supostos autores o prefeito, seus dois irmãos, e outros dois homens que o vereador não conhece. 

A PM foi até o local do crime onde apreendeu dois cartuchos de pistola 9mm deflagrados. Também acionou a Polícia Rodoviária Federal (PRF), já que os disparos ocorreram em rodovia federal, informando características dos veículos que teriam perseguido a vítima, mas eles não foram localizados. O caso já está sendo investigado pela Polícia Civil de Caratinga, que deve pedir imagens de câmeras da cidade que podem ter registrado a ação.

Ainda segundo o vereador, o crime teria sido político e ele já vinha sendo ameaçado há pelo menos uma semana. A razão, conforme Rodrigues, seria por conta de denúncias de corrupção e superfaturamento que ele apresentou contra o prefeito Gilmar Assis na Câmara dos Vereadores. “Na última quinta-feira, a gente uma reunião aqui na Câmara e eu fiz algumas denúncias de superfaturamento e corrupção e desde então tenho recebido avisos de alguns amigos meus de que o prefeito estaria dizendo que queria me matar”. Entre as denúncias estariam superfaturamento no aluguel de um caminhão e a contratação de obras de calçamento de ruas, sem que qualquer serviço tenha sido efetivamente prestado. 

Após o atentado, o presidente da Câmara afirmou que está escondido, fora de Ubaporanga, e que vai denunciar o caso também ao Ministério Público. Informou ainda que deve solicitar proteção para si e para sua família. 

Procurado, o prefeito Gilmar Assis negou as acusações. Ele disse que não houve perseguição. “Isso é mentira. Ele está me batendo pra caramba, falando mal de mim como político e também como pessoa. Na segunda-feira, eu até tentei falar com ele, mas ele não me atendeu e mostrou minha ligação para os outros fazendo deboche. Ontem, por coincidência, estava resolvendo uns “negócios” fora e quando cheguei na cidade, meus irmãos estavam em um barzinho, porque vieram visitar meus pais, e ele passou e deu uma parada. Então, eu fui atrás dele e ele fez uma graça, deu uma freada, eu acabei encostando na traseira dele, mas eu estava tentando pará-lo para a gente conversar”.

Ainda segundo ele, não houve disparo de tiros e ele garante que sequer seguiu o vereador até a BR-116. Também negou que os irmãos tenham tido qualquer envolvimento no caso. “Meus irmãos não participaram disso, nem ninguém mais. Meus irmãos vieram visitar meus pais. Foi eu e ele, e eu só queria conversar com ele porque ele está falando um monte de besteira e está me ofendendo”. 

Sobre as denúncias apresentadas pelo vereador na Câmara, Assis também diz que não são verdadeiras. “Isso é só ele provar. Se tiver alguma coisa de errado, então é só ele provar. Eu não devo nada disso não”. Ele também afirmou que até poucos dias atrás os dois eram “companheiros”, mas que a relação mudou quando o vereador decidiu ser candidato a prefeito. “O cara quer ser candidato e quer crescer denegrindo a imagem do outro. Esse é o grande problema da política, especialmente na cidade pequena”. 

Assis já está em seu segundo mandato como prefeito de Ubaporanga, mas não consecutivo, o que o permite ser candidato à reeleição em outubro. No entanto, ele diz que esse não é seu plano. “Não devo ser candidato não”.

Arma

A Polícia Civil (PCMG) em Caratinga informou que apreendeu nesta terça-feira (26) uma arma de fogo, possivelmente utilizada no crime.

Matéria atualizada às 23h10 de 25/05

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