A Câmara Municipal de Belo Horizonte foi palco de um episódio de intolerância religiosa na sessão desta terça-feira (11). Ao rebater algumas críticas a versículos da Bíblia, Jair Di Gregório (PSD) afirmou que os vereadores da esquerda não atacam os muçulmanos porque "eles passam o cerol", se referindo ao massacre da revista Charlie Hebdo na França, em 2015, após uma charge com Maomé.

"Não se pode brincar com eles (muçulmanos) não. Se não sabe o que acontece? Acontece igual lá em Paris. Eles passam o cerol. Eles passam a linha chilena mesmo", disse o parlamentar.

A declaração foi dada enquanto Di Gregório relembrou um episódio da última semana. Ao iniciar uma sessão plenária, o vereador Gabriel Azevedo (Patriota) foi convidado pela presidente Nely Aquino (Podemos) a ler um versículo da Bíblia como manda o regimento interno da Casa. O vereador abriu em uma página aleatória e leu um versículo do livro de Ester. "Então disseram os servos do rei que  lhe ministravam: Busquem-se para o rei moças virgens e formosas", dizia a escritura lida.

Os vereadores da bancada da esquerda repudiriam a passagem e disseram que a Bíblia contém alguns versículos que diminuem a figura da mulher. Nesta terça-feira, Di Gregório disse que não se pode contestar o que está na Bíblia por ela ser "a palavra de Deus" e recomendou que alguns colegas da esquerda "aceitem Jesus para terem o perdão".  

Por meio de nota, Jair Di Gregório afirmou que a frase foi retirada de contexto.

Veja a nota na íntegra:

Venho através desta manifestar meu repúdio à matéria do jornal O Tempo intitulada "Vereador de BH ataca mulçumanos em reunião na Câmara." Na minha fala de mais de 07 minutos a reportagem pinçou apenas uma frase do contexto, produzindo uma machete e texto sensacionalista, direcionando o leitor a uma interpretação erronea. Utilizei minha fala para repudiar o desrespeito que vereadores de esquerda promoveram na semana passada à Bíblia e aos cristãos. E em certo momento, mencionei que eles não fazem o mesmo com livros de outras religiões, como a dos mulçumanos, por exemplo. E que atacam a Bíblia porque a maioria da população de BH e do Brasil são cristãos (evangélicos, católicos e espíritas) e são pacíficos. Não ofendi nenhuma religião. A leitura da Palavra de Deus é regimental e os cristãos não merecem serem ofendidos por vereadores. Estado laico não é sinônimo de Estado antirreligioso ou laicista, porque as pessoas que compõe o Estado são crentes, sendo a maioria cristã; e até comunistas tem um deus, ele se chama Estado ou melhor, o Partido.

Vereador Jair Di Gregório