Eleição para presidência do Legislativo

Apesar de movimento de Zema, PL e PT mantêm apoio a Tadeuzinho na ALMG

Petistas demonstram irritação com ministro Alexandre Silveira, a quem atribuem acordo para lançar a candidatura do governista Duarte Bechir (PSD)

Por Pedro Augusto Figueiredo
Publicado em 23 de janeiro de 2023 | 18:36
 
 
 
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A articulação do governo de Romeu Zema de retirar a candidatura de Roberto Andrade (Patriota) para presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e lançar um candidato do PSD — o nome mais provável é Duarte Bechir (PSD) — não surtiu efeito imediato. Mesmo com a troca, as duas maiores bancadas da Casa, PT  e PL, permanecem apoiando Tadeu Martins Leite (MDB), o favorito para vencer a disputa.

Ao fazer a substituição, o Palácio Tiradentes aposta que Bechir será visto como um candidato do consenso entre todas as alas da ALMG, ao contrário de Andrade, que era percebido como alguém imposto pelo secretário de Governo, Igor Eto (Novo).

Dessa forma, Bechir teria maior capacidade de atrair votos de parlamentares da oposição e do bloco independente, que atualmente estão com o emedebista. Porém, a 10 dias da eleição, tanto o PT (12 deputados), que é oposição, como o PL (9), que é base de Zema, reafirmaram o seu compromisso em votar com Tadeuzinho nesta segunda-feira (23).

A avaliação no entorno do candidato do MDB é que ele tem 45 votos, seis a mais do que os 39 necessários. Os partidários de Tadeuzinho apontam que mesmo no PSD de Duarte Bechir, que também tem nove parlamentares, não houve mudança: três deputados estão com ele, enquanto outros seis já estavam com Roberto Andrade mesmo antes da troca e agora permanecem com Bechir.

O deputado estadual Gustavo Santana (PL), que articulou o apoio de oito dos noves parlamentares do PL a Tadeuzinho, afirma que a substituição promovida pelo governo Zema não muda em nada a posição do partido.

“Não aumenta nem diminui (os votos). Eu acho que essa mudança não dá firmeza para o processo (de articulação) e prejudica muito mais o candidato deles. É fraqueza do governo”, declarou ele. “A nossa posição do PL, com os oitos deputados, está firme. E tenho certeza que dentro do PSD também tem gente ligada ao Tadeu, que já disse que está com ele e não muda o voto”, continuou.

Ele ressalta que o PL já declarou apoio a Zema, mas que é importante que a Casa seja comandada por um deputado que mantenha a independência entre o Legislativo e o Executivo. “O Tadeu tem a visão de ajudar o governo de Minas em tudo que puder ser feito. Ele não é um candidato de oposição, ele é um candidato dos deputados que querem uma Assembleia Legislativa independente, firme e séria”, concluiu Gustavo Santana.

O PT também manterá o apoio a Tadeuzinho. O partido se reúne nesta terça-feira (24) com o PCdoB e o PV para formalizar o apoio dos 17 deputados estaduais da federação ao emedebista. A federação PSOL-Rede, com três parlamentares, também fará reunião para declarar apoio a Tadeuzinho.

O deputado estadual Arlen Santiago (Avante), que é da base de governo de Zema, diz que houve desprendimento de Roberto Andrade ao ceder o posto de candidato para Duarte Bechir.

“Alguns votos estão vindo para o Duarte. E uma coisa que estou vendo é que o Roberto está trabalhando mais pelo Duarte do que estava trabalhando para ele próprio. A troca deu uma oxigenada nas articulações e a turma que apoia o governo está coesa. O PSD sempre foi a cereja do bolo porque é um partido com 9 deputados. Acredito que até a eleição tem chance dos nove estarem unidos”, declarou ele.

A eleição para presidência da ALMG, marcada para o dia 1º de fevereiro, é importante porque cabe ao presidente decidir quais projetos de lei serão colocados em votação. No primeiro mandato, Zema não conseguiu pautar suas propostas no Legislativo porque o atual presidente, Agostinho Patrus (PSD), era oposição ao governador.

Para que a situação não se repita, o Palácio Tiradentes tem tratado como prioridade eleger um deputado aliado para o posto, já que planeja ratificar a adesão de Minas Gerais ao Regime de Recuperação Fiscal e também privatizar Codemig, Copasa, Cemig e Gasmig.

PT demonstra irritação com Alexandre Silveira

Embora não se manifestem publicamente, integrantes do PT de Minas Gerais estão irritados com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que é o presidente do PSD mineiro. Eles afirmam que Silveira é o responsável por fechar o acordo com o governo Zema que resultou no lançamento da candidatura de Duarte Bechir (PSD).

Assim, mesmo sendo parte do governo Lula, dizem os petistas, Silveira estaria trabalhando contra o PT de Minas, que o apoiou na candidatura ao Senado na última eleição, e ao mesmo tempo a favor de Romeu Zema (Novo), que é visto como um potencial candidato à Presidência da República em 2026.

O ministro foi procurado por meio da assessoria de imprensa do PSD, mas ainda não se manifestou.

Os integrantes do PT lembram que recentemente Zema sugeriu que o governo Lula fez “vista grossa” à invasão dos prédios públicos em Brasília no dia 8 de janeiro para colher benefícios políticos posteriormente.

Na ocasião, Alexandre Silveira criticou o governador. “É infeliz e irresponsável a ilação feita pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que acusa o governo Lula de facilitar os ataques do último dia 8 para ‘se fazer de vítima’. Há muito não se ouvia algo tão estarrecedor e absurdo. Sua declaração deve ser repudiada”, afirmou o ministro.

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