Mais um capítulo

Após crise interna, vice-governador de Minas, Paulo Brant, deixa partido Novo

O vice de Romeu Zema informou a sua desfiliação por meio de nota

Por Fransciny Alves / Lucas Henrique Gomes
Publicado em 11 de março de 2020 | 18:37
 
 
 
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Em meio à crise interna instalada no partido Novo, o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant, informou por meio de nota, na tarde desta quarta-feira (11), a sua desfiliação do partido. 

O comunicado é recheado de críticas à sigla, a exemplo de que a legenda prefere zelar pelo seu programa partidário ao invés de apoiar a construção de uma coalizão política para aprovar na Assembleia Legislativa reformas importantes que vão retirar o Estado da crise econômica. Aqui, ele se referia ao reajuste salarial dos servidores públicos. 

“O partido Novo no Brasil tem escolhido manter-se à margem das coalizões, com o intuito principal de zelar pelo seu programa partidário, deixando em segundo plano as exigências da responsabilidade política que priorizam a governabilidade e o funcionamento do Estado em benefício dos seus cidadãos”, escreveu.

O vice não informou para qual legenda vai migar. 

Brant também cita que enquanto ele e Romeu Zema receberam 72% dos votos no segundo turno, elegendo-se com ampla maioria, a agremiação conseguiu, na mesma eleição, 3,7% dos votos para a Assembleia Legislativa e 4,6% dos votos para a Câmara Federal. 

Para o vice, isso mostra que o povo de Minas não votou “no programa e na plataforma política do partido Novo, mas sim em uma chapa que lhe pareceu capaz de renovar as práticas políticas tradicionais e, principalmente, resolver os problemas da população”.

Diante disso, ele declarou ainda que como seu compromisso é governar o Estado e resolver os “problemas reais” que afligem os mineiros ele decidiu deixar o Novo para poder cumprir na sua integridade os deveres políticos e constitucionais. Brant ressaltou ainda que o diálogo aberto e democrática é a essência da boa política e não a condição de dogmas irrenunciáveis, “que fecha as portas à política”.

“Não tenho dúvidas de que o processo de regaste da grandeza e da dignidade de Minas Gerais terá de ser o resultado de uma grande construção política, incluindo todos os mineiros de bem. Não será obra de um partido único”, alfinetou.

Bastidores
Nos bastidores, a informação é de que a forma com que o diretório nacional do Novo tratou a questão do reajuste causou a revolta de Brant. Principalmente quando a sigla divulgou uma nota oficial "recomendando" que Romeu Zema vetasse o projeto que ele mesmo enviou para a Assembleia Legislativo.

Além disso, a então sigla dele ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que pede que gastos com inativos e pensionistas voltem a ser incluídos nas despesas com pessoal do Estado. Se o STF aceitar, na prática, isso impede legalmente o Palácio Tiradentes de conceder qualquer recomposição salarial.

Paulo Brant teria questionado também a forma como "deputados não colaboram" com o governo.  Dos três deputados do Novo na Assembleia Legislativa, apenas Laura Serrano se posicionou favorável à proposta.

Veja a íntegra da nota

"No sistema constitucional brasileiro, baseado num irrestrito pluripartidarismo, o principal dever de um governante democrático é a construção de uma maioria parlamentar que permita o funcionamento do governo.

Em Minas o governo eleito recebeu 43% dos votos no primeiro turno e 72% dos votos no segundo, elegendo-se com a mais ampla maioria. O Partido Novo, legenda do Governador e do Vice-Governador, na mesma eleição obteve apenas 3,7% dos votos para a Assembléia Legislativa e 4,6% dos votos para a Câmara Federal.

Os resultados eleitorais revelaram claramente que o povo de Minas não votou no programa e na plataforma política do Partido Novo, mas sim em uma chapa que lhe pareceu capaz de renovar as práticas políticas tradicionais e, principalmente, resolver os problemas da população que estão no âmbito das competências dos Estados federados.

O Estado de Minas precisa de grandes reformas para sair da crise que todos conhecem. Para isto é preciso que o governo articule uma ampla coalizão política que permita a aprovação das legislações necessárias.

O Partido Novo no Brasil tem escolhido manter-se à margem das coalizões, com o intuito principal de zelar pelo seu programa partidário, deixando em segundo plano as exigências da responsabilidade política que priorizam a governabilidade e o funcionamento do Estado em benefício dos seus cidadãos.

Por entender que nosso compromisso essencial é governar o Estado e resolver os problemas reais que afligem nossa população, decidi deixar o Partido Novo para poder cumprir na sua integridade os meus deveres políticos e constitucionais, colocando o meu Estado acima de tudo.

Reafirmo a minha lealdade e meu apoio a este Governo, composto por homens de bem e liderado por um mineiro exemplar, na conduta ética, no compromisso com o bem comum e na competência de gestão. Romeu Zema!

Reafirmo também os meus valores e princípios que me conduziram ao Partido Novo. E também as minhas idéias, aqui me distanciando do Partido no que tange ao meu entendimento de que as nossas idéias devem ser contextualizadas e contrapostas às idéias diversas, num diálogo aberto e democrático, essência da boa política, e não serem alçadas à condição de dogmas irrenunciáveis, o que fecha as portas à política.

Não tenho dúvidas de que o processo de regaste da grandeza e da dignidade de Minas Gerais terá de ser o resultado de uma grande construção política, incluindo todos os mineiros de bem. Não será obra de um partido único.

Paulo Eduardo Rocha Brant

Vice Governador do Estado de Minas Gerais"

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