Manifestação

Carreata pede 'fora Kalil' e defende reabertura do comércio em Belo Horizonte

Manifestantes alegam que muitas empresas estão quebrando devido às restrições impostas em virtude da pandemia de coronavírus e querem canal de diálogo com a prefeitura da capital

Por Sávio Gabriel
Publicado em 05 de julho de 2020 | 13:44
 
 
 
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Dezenas de manifestantes realizaram uma carreta na manhã deste domingo (05) na região Centro-Sul de Belo Horizonte solicitando a reabertura do comércio na capital mineira. Os grupos, ligados à direita, também saíram em defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e não pouparam críticas à administração do prefeito Alexandre Kalil (PSD). Havia diversas faixas pedindo ‘fora Kalil’, bem como o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Integrante do movimento Brasileiros, o profissional liberal José Antônio do Nascimento tem uma consultoria e disse que, durante a pandemia, já deixou de faturar R$ 80 mil. “Estamos protestando contra o isolamento da forma que está, levando as pessoas a falirem. Os empresários e lojistas estão com dívidas, e como as pessoas não estão indo para a rua (devido à pandemia), e ainda mais com esses decretos do Kalil, isso impede as pessoas de trabalharem e de faturarem”, explicou.

“Tem empresa de 70 anos de história que faliu. Passou por guerra mundial, presidentes ditadores, pelo plano Collor e agora não aguentou”, completou o profissional, referindo-se à Casa Eure, tradicional loja que vendia ferragens e louças e que anunciou o encerramento das atividades nesta semana.

Os manifestantes iniciaram a carreta na Praça do Papa, seguiram pela avenida Afonso Pena e depois pegaram a avenida Brasil, finalizando o ato na Praça da Liberdade. A estimativa dos organizadores é de que 79 veículos tenham participado do ato. Diversas lideranças discursaram na praça da liberdade, fazendo contestações aos números oficiais apresentados pelas autoridades e criticando a administração de Alexandre Kalil.

Também foi possível observar diversas faixas, cartazes e camisas em apoio a Jair Bolsonaro, além de pedidos de impeachment de Alexandre de Moraes, ministro do STF. “Nosso presidente não está tendo governabilidade e queremos fazer o lava-toga, o impeachment dos ministros que estão rasgando a Constituição”, defendeu Nascimento, criticando uma decisão da Suprema Corte tomada em abril, determinando que Estados e municípios têm autonomia para definir as estratégias de contenção à disseminação do novo coronavírus.

Pauta antidemocrática

Oficialmente, apenas três grupos participaram da carreata deste domingo: o Brasileiros, a União Libertadora e o Fora Kalil. A pauta de impeachment de ministros do STF, defendida por esses três grupos, não encontrou eco nem mesmo dentro da direita, que associam essas bandeiras aos grupos mais bolsonaristas. A leitura é de que o impeachment de ministros é uma pauta radical e antidemocrática.

“Essa questão de antidemocrática não existe. Democracia é você falar o que quer. Esse negócio de dizer ‘ah, mas tá pedindo para cassar ministro’, é um direito do povo. Se o ministro está fazendo o que é errado, tem que ser cassado”, pontuou José Nascimento. “Se deixarmos de protestar, vamos estar nos conformando com que eles estão fazendo. Isso é um plano comunista que está dando certo”.

Curva natural de crescimento

Embora o recuo na flexibilização do comércio em Belo Horizonte tenha sido tomado com base na explosão de novos casos e mortes em decorrência da Covid-19, o engenheiro civil Antônio de Oliveira diz que a capital mineira está enfrentando uma curva natural de crescimento, que vai continuar aumentando independentemente de as pessoas continuarem ou não em casa.

“Sou engenheiro civil e conheço um pouco de estatística e de probabilidade. O que estamos passando efetivamente é uma curva natural de crescimento. Você estando em casa ou trabalhando, a propagação do vírus é a mesma”, disse, informando que a população atendeu ao pedido de ficar reclusa desde que as primeiras medidas começaram a ser tomadas na capital, ainda em março. “Agora, se a prefeitura fez um planejamento errado, muito antecipado, foi problema dela. Não tem mais como segurar a sociedade presa”, informou.

Os dados oficiais apontam que um mês após iniciar o protocolo de flexibilização, Belo Horizonte viu o índice de novos casos de coronavírus aumentar 259%, passando de 1.444 em 25 de maio para 5.195 em 26 de junho. Nesse mesmo período, o número de mortes saltou 188%, passando de 42 para 121.

Resposta

Procurada por O TEMPO, a prefeitura informou que realizou uma reunião com o Sindicato do Comércio de Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas-BH) na última quinta-feira (2) e que outro encontro está agendado para a próxima quarta-feira (8) para discutir a questão. A proposta que está sendo avaliada é a de que a abertura dos estabelecimentos aconteça apenas quatro vezes na semana.

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