Demissões

Cemig lança PDV exclusivo para os cargos de gerência

Programa de Desligamento Voluntário (PDV) será voltado exclusivamente para empregados destituídos de cargos gerenciais

Por Thaís Mota
Publicado em 16 de janeiro de 2021 | 06:00
 
 
 
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Após afastar gerentes e um superintendente da área de Suprimentos e Logística implicados em uma investigação do Ministério Público, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) lançou nesta semana um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) voltado exclusivamente para “empregados destituídos do cargo gerencial (gerentes e superintendentes)”.

No comunicado interno enviado aos funcionários na última quinta-feira (14), a empresa explica que não são elegíveis ao PDV “os casos de empregados sujeitos a processos de sindicância, investigações, processos administrativos ou mesmo afastamento para algum tipo de averiguação”. 

O PDV foi nomeado de “Plano de Adequação do Quadro Gerencial – PAQG 2021” e ficará aberto até o dia 29 de janeiro. Já o desligamento dos ex-gerentes e ex-superintendentes destituídos de seus cargos vai acontecer em 1° de fevereiro. 

A empresa não informou quantos nem por quais motivos outros empregados em cargos de liderança foram afastados, mas, ao que tudo indica, na semana passada houve mudanças em diversas gerências e superintendências da companhia. 

Na avaliação do Sindicato dos Eletricitários de Minas Gerais (Sindieletro/MG), a destituição de funcionários de carreira dos quadros de gerência e superintendência e, agora, o desligamento desses empregados por meio de um PDV tem como objetivo abrir vagas para indicação de profissionais externos para ocupar os mesmos cargos.

Isso porque, conforme informou a própria companhia, “o Conselho de Administração da Cemig aprovou, em outubro passado, a alteração de uma regra interna, para permitir a contratação de profissionais de mercado, o que é permitido por lei”. 

Assembleia de Minas

O caso já foi levado à Assembleia Legislativa de Minas Gerais – não só a destituição dos empregados em cargos de liderança, mas também um inquérito aberto pelo Ministério Público que investiga irregularidades praticadas pela diretoria da Cemig em uma suposta operação para transferir a sede da empresa para São Paulo.

No entanto, segundo a estatal, os funcionários da Superintendência de Suprimentos e Logística afastados por conta de supostas irregularidades em compras da empresa no início da semana não estão implicados nesse inquérito, e sim em outra investigação do MP que corre sob sigilo.

Na última quarta-feira (13), a deputada Beatriz Cerqueira (PT) protocolou dois requerimentos na Comissão de Administração Pública pedindo informações e uma audiência pública para “debater e buscar esclarecimentos sobre as alterações que estão sendo promovidas pela diretoria da Cemig”, com a convocação do presidente da estatal, Reynaldo Passanezi Filho. 

Entre outras coisas, a deputada pede explicações sobre a intenção da empresa de transferir sua sede para São Paulo com objetivo de não recolher ICMS aos cofres do Estado de Minas, bem como sobre a contratação de um escritório de advocacia para tratar da privatização da empresa – ambos os temas também no escopo do inquérito do MP – e sobre “a contratação de pessoas não concursadas para os cargos de gestão na empresa”.

“Como não consegue aprovar na Assembleia a autorização para a venda da Cemig e para a privatização sem plebiscito, ele adota uma dinâmica de desmontar a empresa por dentro. Eu acredito que ele fará isso colocando pessoas na gestão que não são vinculadas à Cemig, que foi essa alteração de 40% de pessoas não concursadas poderem assumir postos de gestão”, disse a deputada.

Procurada sobre o PVD, a Cemig não respondeu. 

Inquérito do Ministério Público

O inquérito aberto na semana passada pelo MP apura a intenção da Cemig de transferir sua sede para São Paulo “com o objetivo de deixar de recolher ICMS aos cofres do Estado de Minas Gerais” e a contratação de um “escritório de advocacia sem licitação, denominado Lefosse, para tratar de assuntos supostamente escusos, além de outras irregularidades, com o intuito de facilitar o processo de privatização da empresa pública”.

Inclusive, o atual diretor de Regulação e Jurídica da Cemig, Eduardo Soares, é ex-sócio da Lefosse e assina artigos disponíveis no site do escritório de advocacia, que tem sedes no Rio de Janeiro e em São Paulo.

O contrato assinado com a Lefosse no valor de R$ 890 mil é de 28 de agosto do ano passado, tem duração de um ano e tem como objetivo “serviços de assessoria jurídica”. No início da semana, tanto o escritório quanto a Cemig garantiram que a contratação foi feita por um processo de seleção.

 

 

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