O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), pré-candidato à Presidência da República em 2022, afirmou que enviou uma carta ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no início da pandemia, afirmando que suspenderia a luta política e dando sugestões para que o governo lidasse com a Covid-19. Ciro, porém, afirmou que Bolsonaro fez tudo ao contrário do que ele propôs. As declarações foram dadas em entrevista à rádio Tupi, do Rio de Janeiro.

"Eu pensei: caramba, vem aí um moticínio, vem aí uma ameaça de vida e morte para muitos milhões de pessoas e eu preciso botar as armas de lado e colaborar. Eu to lembrando disso porque, foi em março do ano passado, eu mandei uma carta para o Bolsonaro. E nessa carta eu dizia: 'Olha, presidente, eu sou oposição ao senhor, mas durante a essa pandemia eu vou suspender a guerra, a luta política, que é minha responsabilidade, para que a gente possa todo mundo pegar junto e proteger nosso povo", afirmou Ciro, elencando o que dizia na mensagem.

"Aí eu estou dizendo lá que a gente tinha que fazer teste em massa, e o Brasil não fez a testagem em massa, que o Brasil tinha que promover o isolamento social radical, porque quanto mais radical ele fosse mais breve ele seria. E eu não estava inventando isso. Muitos cientistas estavam me ajudando, e a experiência internacional. A gente tem que mostrar para o povo que não existe remédio para vírus. É que nem o sarampo. A gente já sabe que não existe remédio para sarampo. O que existe é vacina. É que nem a varíola. E o Bolsonaro fez o oposto. E se o isolamento social era a única saída ainda - não tinha vacina na época -, nós tínhamos que pagar para a população ter capacidade de fazer esse isolamento social radical. E eu diria: eu não quero ser aquele opositor sem compromisso", afirmou, defendendo que o auxílio de R$ 600 fosse pago até que os 75% da população estivesse vacinada. Ciro afirma que apontou de onde viria o dinheiro e citou um projeto que diz ter articulado junto ao deputado federal Mauro Benevides (PDT-CE) para liberar R$ 170 bilhões, que eram bloqueados para outras funções, e que poderiam ser usados para isso. Ciro, porém, diz que a equipe econômica usou o dinheiro de outra forma.

Na entrevista, ele voltou a falar que tem confiança de que estará no segundo turno, embora as pesquisas hoje indiquem uma enorme chance de uma disputa entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou que não é hora de discutir eventual apoio em uma segunda etapa e que quer discutir o modelo econômico do Brasil no primeiro turno.