BRASÍLIA — Na mira de um processo de cassação no Conselho de Ética, o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) renunciou, nesta quarta-feira (27), à presidência da Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados e declarou que deixará de apresentar testemunhas para defendê-lo no processo. Ele também declarou, no plenário da Câmara, que não recorrerá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) se o Conselho de Ética decidir cassá-lo. 

"Passou de todos os limites. O que tinha que ser apresentado, já foi", afirmou, citando também que o presidente do Conselho de Ética, deputado Leur Lomanto Júnior (União Brasil-BA), vetou quatro testemunhas indicadas por ele. "Estou abrindo mão de todas as testemunhas que ainda seriam ouvidas. O processo, então, passa, a partir deste momento, a estar apto a julgamento imediato pelo Conselho de Ética", completou. 

"Não estou me afastando da luta. Vou seguir. Esse processo, que se arrasta durante todo esse tempo, para mim foi o suficiente. Se todos e todas já têm a possibilidade de exercer o direito de voto, vamos para a votação no Conselho e no plenário", acrescentou. Glauber Braga se disse desgastado e chorou durante a declaração. 

O deputado responde a um processo no Conselho de Ética por expulsar Gabriel Costenaro, integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), da Câmara dos Deputados. O episódio aconteceu em abril. Antes do ocorrido, Costenaro percorria gabinetes em uma ação contra o Projeto de Lei (PL) que regulamenta o trabalho dos motoristas de aplicativo. Glauber argumenta ter sofrido ameaças de Gabriel Costenaro naquela data antes de empurrá-lo para fora da Câmara. 

Em sessões anteriores do Conselho de Ética, o deputado disse se sentir perseguido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). 

O processo de cassação de mandato tramita, primeiro, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Se aprovado, ele segue para votação dos deputados no plenário da Casa. Antes, entretanto, o alvo do processo pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No plenário, são necessários os votos de, pelo menos, 257 deputados. A votação é aberta.