BRASÍLIA - O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ) afirmou ser alvo de “perseguição” e “abuso de autoridade” depois que assessores de seu gabinete – e do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) - foram alvos de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (19). Ele negou as suspeitas de desvio de cota parlamentar.
Ele se manifestou em discurso na tribuna da Câmara, o local onde deputados fazem discursos oficiais. "Eu subo aqui nessa tribuna para comentar mais esse triste capítulo da nossa democracia relativa, mais um avanço de abuso de autoridade por parte desse consórcio que vem governando nosso país”.
A fala foi uma referência às ações do Supremo Tribunal Federal (STF), órgão que autorizou a operação. Jordy também insinuou a articulação de uma “cortina de fumaça” para minimizar ações do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“É curioso. Sempre que há uma crise instalada que vai mostrando as vísceras desse desgoverno, eles arrumam alguma coisa para tirar o foco. Eles arrumam uma cortina de fumaça. E hoje novamente estão atacando parlamentares dessa Casa”, declarou.
A operação foi realizada contra um suposto esquema criminoso de desvio de verba pública em contratos com empresas locadoras de veículos. “Não há nada de errado no aluguel de meus carros. Nada. [O aluguel] segue todos os trâmites da casa. Estão devidamente registrados, os contratos estão de forma legal”, alegou.
Carlos Jordy também reclamou que, segundo ele, ações semelhantes, que chamou de “perseguições”, "só acontecem com deputados de direita, de oposição”. O deputado também citou a ausência de intimação para ouvir os investigados antes do cumprimento de busca e apreensão. Esta, em sua visão, é uma “medida excepcional” por uma “busca probatória”, ou seja, para “tentar buscar algo incriminador”.
Já o deputado Sóstenes Cavalcante reagiu com surpresa à operação da PF. Ele declarou que não há provas contra seus assessores. “Fui informado sobre a operação envolvendo meus assessores pela imprensa. PODEM REVIRAR TUDO, NÃO IRÃO ACHAR NADA!”, publicou no X.
Entenda
A suspeita sobre os assessores de Jordy e de Sóstenes mira um suposto esquema de uso de dinheiro da cota parlamentar para a realização de pagamentos irregulares. A cota é uma verba liberada pela Câmara para que deputados financiem suas atividades legislativas, como combustível e aluguel de carros, mas há regras para o uso dela.
De acordo com a PF, o esquema criminoso consistia em um acordo ilícito entre agentes públicos (que seriam as equipes dos deputados) e empresários de locadoras de veículos. Agentes apontaram que os investigados simulavam contratos de prestação de serviços e, assim, desviavam recursos públicos da cota.
A operação foi chamada de "Rent a Car", que na tradução literal para o português significa "alugar um carro". São investigados os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
As ordens foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ao todo, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Tocantins e no Distrito Federal.