BRASÍLIA - O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) reagiu com surpresa à operação da Polícia Federal (PF) que cumpriu, nesta quinta-feira (19), mandados de busca e apreensão contra assessores de seu gabinete – e do deputado Carlos Jordy (PL-RJ).
Sóstenes, que deve ser líder do PL no próximo ano, declarou que não há provas contra seus assessores. “Fui informado sobre a operação envolvendo meus assessores pela imprensa. PODEM REVIRAR TUDO, NÃO IRÃO ACHAR NADA!”, publicou no X (antigo Twitter).
Em uma coletiva de imprensa no início desta tarde, Sóstenes negou qualquer prática irregular e disse que mantém o aluguel de um carro modelo Corolla desde 2006 com a mesma empresa. O valor pago por mês é de R$ 4,5 mil. “Eu sempre tive com a cota parlamentar todo o cuidado possível. Eu não tenho nada a temer. Não faço nada de errado com cota parlamentar”, declarou.
Foram alvos, de seu gabinete, uma ex-assessora e um motorista que Sóstenes disse confiar. “Até que me provem alguma suspeita, não tenho por que demitir ninguém”.
“Acho muito estranho que isso venha no momento em que todos sabem que eu tenho assinaturas suficientes para ser líder do PL a partir de fevereiro. Espero e quero acreditar que esse tipo de investigação não seja nenhum tipo de perseguição política. Se for, só tenho a lamentar”, frisou.
Carlos Jordy, por sua vez, afirmou ser alvo de “perseguição” e “abuso de autoridade”. Ele negou as suspeitas de desvio de cota parlamentar e reclamou que, segundo ele, ações semelhantes, que chamou de “perseguições”, "só acontecem com deputados de direita, de oposição”.
Entenda
A suspeita sobre os assessores de Jordy e de Sóstenes mira um suposto esquema de uso de dinheiro da cota parlamentar para a realização de pagamentos irregulares. A cota é uma verba liberada pela Câmara para que deputados financiem suas atividades legislativas, como combustível e aluguel de carros, mas há regras para o uso dela.
De acordo com a PF, o esquema criminoso consistia em um acordo ilícito entre agentes públicos (que seriam as equipes dos deputados) e empresários de locadoras de veículos. Agentes apontaram que os investigados simulavam contratos de prestação de serviços e, assim, desviavam recursos públicos da cota.
A operação foi chamada de "Rent a Car", que na tradução literal para o português significa "alugar um carro". São investigados os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. As ordens foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ao todo, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, Tocantins e no Distrito Federal.