BRASÍLIA - O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o candidato da direita nas eleições presidenciais de 2026, caso eleito, terá que não só apoiar um indulto ou anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, mas sustentar essa medida caso o Supremo Tribunal Federal (STF) a declare inconstitucional.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o filho do ex-presidente declarou que vários nomes venceriam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026, incluindo os governadores Ratinho Júnior (Paraná), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ronaldo Caiado (Goiás), mas não quis adiantar quem a família apoiaria caso se confirme a inelegibilidade de Bolsonaro.

“A gente tem que fazer uma análise de cenário também de que, na hipótese de o presidente dar um indulto para Bolsonaro, o PT vai entrar com um habeas corpus no STF. ‘É inconstitucional esse indulto’. Então vai ter que ser alguém na presidência que tenha o comprometimento, não sei de que forma, de que isso seja cumprido”, disse.

Flávio mencionou, inclusive, que pode ser necessário o “uso da força” para que a eventual medida seja cumprida, mas negou que estivesse falando “em tom de ameaça”.

“Estou fazendo uma análise de cenário. É algo real que pode acontecer. Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz a composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá”.

Processo no STF

Flávio Bolsonaro voltou a dizer que o pai é inocente na ação penal no STF que investiga se Bolsonaro e aliados tentaram aplicar um golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro e mais sete são réus, acusados de terem coordenado a trama.

O senador argumenta que as medidas discutidas, como estado de sítio e estado de defesa, são constitucionais. Supostamente, elas teriam sido discutidas para anular o resultado das eleições.

“Não é discutir golpe, esse é o ponto. Dentro da Constituição, tem lá estado de sítio e estado de defesa. Quem fala hoje isso são os mesmos que dizem que a Dilma sofreu um golpe. Foi dentro da Constituição. É forçar muito a barra, e isso é o que faz com que as pessoas se sensibilizem com Bolsonaro”.

Ainda segundo o parlamentar, Bolsonaro tem medo de sofrer algo como um “envenenamento” na prisão. Flávio defendeu a anistia aos investigados do 8 de janeiro como uma “saída honrosa” para todos os envolvidos, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do STF.

“E nessa anistia tem que entrar o Alexandre de Moraes porque, no meu ponto de vista, ele cometeu vários atos de abuso de autoridade ao longo desse processo”, opinou.

Por fim, o senador reafirmou ser candidato à reeleição e pontuou que essa decisão é “imutável”. Ele também defendeu que o irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e a madrasta, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, sejam candidatos ao Senado.