BRASÍLIA - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a oposição deu “um tiro no pé” ao disparar ataques contra o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), em função do projeto de lei que anistia envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Para Lindbergh, aceitar a pressão da oposição seria, agora, “se render a uma política de intimidação grosseira”.

“Os ataques ao presidente Hugo Mota foram um tiro no pé para os defensores do PL da anistia. Alguém acha mesmo que o presidente da Câmara vai pautar esse PL depois desses ataques? Claro que não. Agora é que ele não pauta mesmo. Seria se render a uma política de intimidação grosseira. Isso não vai acontecer. Ao apostar na 'faca no pescoço' contra o parlamento, bolsonaristas optam pelo isolamento político”, publicou no X.  

Em uma manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no domingo (6) na Avenida Paulista, em São Paulo, políticos e aliados da oposição subiram o tom contra Motta, que não deu sinalização pública de que colocará o tema em votação. Um dos mais enfáticos foi o pastor Silas Malafaia. 

“Se Hugo Motta está assistindo isso aqui, que ele mude. Porque você, Hugo Motta, está envergonhando o honrado povo da Paraíba”, declarou Malafaia de cima do trio elétrico. O pastor é um dos financiadores dos atos convocados por Bolsonaro. 

A anistia é prioridade para a oposição, mas a proposta que trata sobre o tema está travada na Câmara sem que Motta dê alguma sinalização pública de avanço. Caso seja aprovado, o texto pode beneficiar, inclusive, o próprio ex-presidente e integrantes do seu governo, réus por tentativa de golpe de Estado.  

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), voltou a afirmar que pretende reunir pelo menos 257 assinaturas em um requerimento de urgência ao projeto. A investida foi uma nova estratégia da oposição, que desde a semana passada busca assinaturas individuais de deputados para colocar o pedido em votação no plenário. 

Para ser protocolado, um requerimento precisa ter pelo menos 171 assinaturas individuais ou de líderes partidários que representem esse número. Há, porém, um artigo no regimento da Câmara que permite a inclusão automática na pauta, com votação imediata, do requerimento que reunir pelo menos 257 assinaturas.  

É esse o número que Sóstenes busca ter até a quarta-feira (9), para usar o regimento e colocar o pedido de urgência em votação sem que seja necessária uma ação de Motta. Até o início da noite da última sexta-feira (4), o PL já tinha 178 assinaturas no documento. O regime de urgência acelera a votação de uma proposta, dispensando o rito em comissões e levando o tema direto para o plenário.  

“Com a ajuda (dos governadores) Ronaldo Caiado, Romeu Zema, Tarcísio de Freitas e Wilson Lima esperamos ter as 257 assinaturas necessárias Aí, será pautado querendo ou não”, declarou Sóstenes na Avenida Paulista.