BRASÍLIA - O influenciador digital Rico Melquiades negou, nesta quarta-feira (14), usar uma conta “demo”, fornecida pelas próprias empresas, para divulgar jogos de apostas. Ele falou em entrevista à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga a atuação das chamadas “bets”.

Rico contou que criou o próprio login e senha na plataforma que faz conteúdo, assim como coloca recursos para fazer as apostas. “É por isso que eu coloco pouco [dinheiro]”, declarou o também vencedor do programa A Fazenda, da TV Record. Ele contou que inicialmente, teve contato com a empresa Blaze e, agora, faz divulgação para a ZeroUm.Bet. 

Na terça-feira (13), a influenciadora Virginia Fonseca afirmou, em depoimento na CPI, que usa uma conta “demo” em suas publicidades. Nessa modalidade, o login e a senha para acesso à plataforma são fornecidos pela “bet”, abrindo brecha para uma simulação que esconde a possibilidade de perdas. 

Ele contou que seus cachês com as empresas são de valores fixos e não variam a partir de ganhos ou perdas dos usuários, nem de cadastro nas plataformas pelo link que divulga. “Eu fui contratado como influenciador digital para divulgar o jogo. Eu tinha o meu cachê fixo e eu não fazia nada a mais”, declarou. 

"Eu nunca tive envolvimento direto com as empresas além do meu contrato de publicidade. Eu nunca participei de nada ilegal nem fui além da minha função como influenciador digital”, afirmou. “Eu nunca fiz nada fora da lei. Eu sempre divulguei porque não era proibido. Todo mundo divulgava”. 

O influenciador, no entanto, se recusou a revelar o valor de seu cachê e não respondeu se assinou acordo de persecução penal com o Ministério Público de Alagoas admitindo conduta criminosa na relação com “bets”. Ele compareceu à CPI munido de um habeas corpus que o autorizou a ficar em silêncio em perguntas que pudessem incriminá-lo. 

Em janeiro, Rico foi alvo da operação Game Over 2, deflagrada pela Polícia Civil de Alagoas, para investigação de promoção irregular de jogos de azar online. Na ocasião, ele teve bens apreendidos, como celulares e veículo, e contas bancárias bloqueadas.  

“Eu estou fazendo o meu trabalho, eu não obrigo ninguém a jogar e deixo claro que se tem problema com vício, não deve entrar na plataforma. [...] Do mesmo jeito que tem pessoas que se endividam para jogar, tem pessoas que se endividam para beber. As pessoas também podem pegar o dinheiro do Bolsa Família e gastar em cachaça, que é um vício”, frisou. 

Rico também delcarou que joga diariamente além das publicidades para "se divertir e aliviar a ansiedade". Segundo ele, a maioria de seus amigos também é adepta aos jogos, assim como sua mãe, irmãs e tias.