BRASÍLIA - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investiga a atuação de empresas de apostas virtuais, as chamadas “bets”, colhe depoimento, nesta quarta-feira (14), de ex-participantes de reality shows. Na terça-feira (13), foi a vez da influenciadora digital Virginia Fonseca prestar esclarecimentos.
Nesta quarta-feira, uma das convocadas é a advogada Adélia Soares, que participou do Big Brother Brasil, o BBB da TV Globo. Além dela, comparecerá o influenciador Rico Melquiades, que venceu o programa A Fazenda, da Record TV. Até o início da manhã, a presença dos dois estava confirmada pela CPI. Eles devem falar na condição de testemunhas.
Adélia é advogada da influenciadora Deolane Bezerra, que já foi presa em uma investigação sobre lavagem de dinheiro em contratos com bets. O pedido de convocação ainda cita a advogada como dona da Payflow Processadora de Pagamentos LTDA.
“As investigações indicam que a referida advogada teria colaborado com uma organização estrangeira para estruturar e operar ilegalmente jogos de azar no território nacional, utilizando a empresa Playflow como fachada”, argumentou a relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), acrescentando um vínculo da empresa com uma sociedade sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.
De acordo com Soraya, a Playflow teria sido instrumentalizada para movimentações financeiras irregulares. Os indícios são de lavagem de dinheiro e transações fora das normas do Banco Central, com o uso de documentos e mecanismos fraudulentos.
Adélia Soares também foi indiciada pela Polícia Civil do Distrito Federal pelos crimes de falsidade ideológica e associação criminosa pela suposta participação no esquema para operar ilegalmente jogos de azar no Brasil, movimentando cerca de R$ 2,5 bilhões.
Também apresentado por Soraya, o requerimento de convocação do influenciador Rico Melquiades cita o envolvimento dele na Operação Game Over 2, deflagrada pela Polícia Civil de Alagoas, para investigação de promoção irregular de jogos de azar online. Na ocasião, bens de Rico foram apreendidos, como celulares e veículo. Contas bancárias dele também foram bloqueadas.
“A investigação tem como foco o chamado ‘jogo do tigrinho’, modalidade de aposta não autorizada pelo Estado, promovida por figuras públicas que incentivam seguidores, em especial de classes populares, à participação nessas plataformas. A atuação de Rico Melquiades, como influenciador com grande alcance nas redes sociais, é relevante para a apuração do uso indevido de publicidade digital na disseminação desses jogos”, justificou a relatora.