BRASÍLIA — A bancada do PT apoiará a instalação da CPI mista para investigar fraudes nos descontos irregulares no INSS, segundo antecipou o líder da bancada do partido no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE).

"Na condição de líder do PT, defenderei que o partido participe dessa CPI. Mas, não de uma CPI para disputa eleitoral e palanque político, mas para investigar e apontar os responsáveis, para botar na cadeia aqueles que roubaram os aposentados e pensionistas do INSS", declarou durante audiência da Comissão de Transparência, que, nesta quinta-feira (15), recebeu o ministro da Previdência, Wolney Queiroz.

O líder do PT atrelou a adesão do partido à CPI a uma mudança no "fator determinado" da comissão — esse é o termo usado para indicar o quê será especificamente investigado.

"Se mudar o fato determinado da CPI para colocar na cadeia e punir quem, de fato, tirou dinheiro dos aposentados, o PT vai assinar. Vamos investigar olhando para todos os fatos e para todas as pessoas. Não tem nenhum tipo de problema de investigar, mas a investigação precisa ser profunda", justificou Rogério Carvalho.

Durante a sessão desta quinta-feira, o ministro da Previdência também se disse "pessoalmente" favorável à instalação da CPMI no Congresso. Mas, ele avaliou que a comissão pode atrapalhar a investigação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU), que ainda se debruçam sobre as entidades e associações suspeitas de roubar aposentados e pensionistas do INSS. Líderes de partidos do Centrão têm avaliações parecidas com as do ministro; eles temem que uma investigação paralela feita por uma comissão mista seja irrelevante enquanto a investigação formal ainda corre.

Gestão Bolsonaro na mira do governo

O ministro da Previdência disse que "o ladrão entrou na casa" e ampliou a fraude do INSS entre 2019 e 2022. O período citado é o do governo de Jair Bolsonaro (PL). De acordo com a PF, o rombo começou em 2019 e só foi interrompido na gestão atual. A estimativa é que as fraudes resultaram em R$ 6,3 milhões em descontos indevidos nos benefícios de aposentados e pensionistas.

O líder do PL, senador Rogério Marinho (RN), rebateu as declarações de Wolney. Marinho foi secretário da Previdência nos dois primeiros anos da gestão Bolsonaro. Ele disse que o número de associações e de descontos no INSS decresceu durante a permanência dele no cargo.