BRASÍLIA - A deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) admitiu que “errou no tom” de um conselho dado ao rapper Oruam. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, a parlamentar alegou que "desconhecia completamente todas as problemáticas e complexidades que existiam em torno dele", inclusive as “opiniões” do rapper. 

“Esta semana eu errei. Errei na interação que fiz com um artista. Errei no tom”, disse no início do vídeo. “A minha interação com ele, em momento algum, serviu para apoiar, endossar, legitimar ou inocentá-lo de qualquer posição ou comportamento que ele venha a ter. A minha interação com ele foi unicamente buscando um canal de diálogo com seus seguidores e com ele também, que não é nem indiciado em processos, nem réu e muito menos condenado", completou.

Hilton declarou que questões criminosas – que ela desconhecia - devem ser analisadas pela Justiça. "Usaram disso para dizer que eu estava defendendo um criminoso, que estavam pactuando com o Oruam e pior, conseguiram construir uma narrativa ridícula de que eu odeio gays brancas. Isso é mais uma faceta odiosa daqueles que o tempo todo querem menosprezar o meu trabalho", completou. 

A interação entre os dois começou quando Oruam questionou, em seu perfil no X, “o que fazer” após a morte de Herus Guimarães Mendes da Conceição. O jovem de 24 anos participava de uma festa juninca quando foi baleado em uma operação policial no morro Santo Amaro, no Rio de Janeiro, em 7 de junho. 

Em resposta, Hilton escreveu que "a transformação vem, principalmente, da organização coletiva” e que “não existe saída individual pra problemas que são estruturais”. A deputada, então, sugeriu movimentos organizados em comunidades e completou: “Tudo isso é organização popular. É fazer revolução com o pé no chão. Se quiser construir junto, tô [sic] por aqui. De verdade. Estamos juntos”. 

A deputada foi amplamente criticada por prestar apoio a Oruam, que é filho de Marcinho VP, um dos líderes do Comando Vermelho, e costuma fazer aparições exaltando o pai. O rapper também já foi acusado de homofobia e tem uma tatuagem do traficante Elias Maluco, condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes.  

Depois da polêmica, Oruam republicou o vídeo em que Hilton disse ter errado. “Vou te explicar como funciona as mídias sociais, elas soltam uma mentira que acaba virando verdade pra quem não entende do assunto e as pessoas realmente começam acreditar naquilo”, disse.  

“De tanto as pessoas me associarem a facções criminosas hoje em dia todo mundo acredita que isso seja verdade, ou seja, uma mentira que virou verdade na mente de um ignorante. Se você falar com o Oruam você tem ligação com o comando vermelho, querem acabar com a nossa imagem”, completou Oruam.